Monumento

A Marina na minha vida

Nasci e cresci em Jacarepaguá, hoje moro no Catete. Na infância, a zona sul era uma área inexistente para mim, não me pertencia por total distância. Á época distância geográfica e hoje vejo que também social. Assim, vir à zona sul era um passeio. Em um desses passeios, com 7 anos, vim com meus pais e irmã passar a tarde na Marina da Glória e andar de bondinho do Pão de Açúcar pela primeira vez. Era comum, na entrada do morro da Urca (estamos falando de 1992), ter aqueles fotógrafos de ocasião. Eles tiravam fotos das famílias que entravam e, quando os potenciais clientes desciam, ficavam de olho e tentavam vender fotos impressas em pratos de louça como souvenir. Pois muito bem, meus pais compraram um desses, a família feliz, mas sem mim! Que raiva! Eu, criança hiperativa, ficava correndo e estava longe demais para aparecer na foto e, obviamente, o fotógrafo nem sabia que eu existia. Durante anos eu amargurava aquele prato pendurado na coleção que minha mãe tinha na parede. O passeio continuou na Marina da Glória onde, aí sim, eu estou nas fotos: pôr do sol, aquela luz dourada linda na baía, o monumento aos pracinhas, eu conhecendo algo que hoje é tão quotidiano. Aquele lugar, depois que me mudei para perto, se tornou trânsito comum. Vamos nos encontrar no MAM? Vamos! e vou andando e passo pelo mesmo lugar. É um passar tranquilo para o pedestre, é gostoso, é bonito. Com o tempo outras memórias vieram, não tão tranquilas, como sendo também o primeiro lugar onde senti os efeitos de gás de pimenta no meio de um bloco de carnaval porque um militar excedendo poder achou que a gente não devia estar ali. Virou mais uma história, mais uma camada. Fato é que a Marina da Glória é um lugar lindo, de trânsito e de memória para mim.

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Corre que lá vem cachorro!!!

Qndo era pequena sempre queria subir na Igreja da Pena depois da missa no Loreto. Um dia minha mãe resolveu que iríamos lá ver como era. Estávamos com uma vizinha que já era bem velhinha, mas muito esperta (ainda bem!!!). Terminada a missa, canelas pra que te quero? Fomos lá!!! Subimos o morro da Igreja da Pena (à pé) e qndo estávamos quase chegando na igreja, que naquela época ficava aberta aos domingos. Quase chegando lá no topo, mortas por subi o ladeirão, vieram vários cachorros, muitos cachorros e tivemos que sair correndo. Conclusão: não entramos na igreja. Não conseguimos. fomos expulsas pelos cachorros!!! Na memória ficaram os cachorros latindo e a senhorinha correndo ladeira abaixo. rs

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Eu senti me chamando

Para mim, o centro do Rio sempre foi um lugar mais de passagem que de estadia. Desde o início da Era Pandêmica eu não corria pelas ruas largas que abrigavam tanta presença efêmera, mas a revolta causada por um governo genocida nos chamou às ruas mais uma vez. Eu sabia que ia ter sentimentos fortes envolvidos em ver tanta gente junta de novo depois de tanto tempo, mas quando desci do carro na rua Benedito Hipólito rumo ao monumento do Zumbi e vi os tambores e vozes tremerem o chão de forma suave, as palmas da minha mão começaram a suar e meu coração acelerou. Era uma atração inevitável que me deixou emocionado de uma forma mais profunda que qualquer culpa que pudesse ter por estar numa aglomeração. Quando bati o olho e me vi acompanhado de tantas pessoas em um uníssono tão empolgante lembrei o porquê as ruas da Avenida Presidente Vargas eram tão largas esses anos todos... É para a gente estar lá.

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Nada muda...

Há 5 anos me encaminhava a um cartório para ajudar uma amiga a protestar uns títulos. Ea me deu mimos ótimos pelo favor, mas nem precisava, todo movimento gera reflexão, oportunidades de descobertas. Então tirei essa foto do Passo Imperial. Nada mudou, né? Mas eu mudei... Olho com outras memórias. Das manifestações que presenciei ali, das denúncias e prisões de políticos corruptos no prédio mais à direita e reflito que as pessoas já não enxergam esse mesmo Passo, que andamos todos a novos passos... �?... Mais pesados, tensos e com menos esperanças no futuro próximo. Então presto mais atenção na foto. Os carros mudaram... Apenas 5 anos e os carros que vemos nos viadutos e ruas já tem um design diferente... O viaduto... Perimetral, ele se chamava. Também não existe mais e o reflexo no prédio de vidro à esquerda mudou para sempre. Nada muda... é o que dizem sempre quando se fala da humanidade, do seu desenvolvimento moral, principalmente da moral. Nada muda?

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Ótimos anos da minha vida.

A FAETEC de Santa Cruz existe desde 1998 e funciona atualmente no antigo prédio do Matadouro do bairro. No ano que eu entre, oferecia ensino médio com os técnicos em eletromecânica, informática, enfermagem e segurança do trabalho (hoje em dia tem química e administração). Neste local, vivi experiência maravilhosas enquanto adolescente, conheci muita gente: fiz amizades, inimizades, paquerei, aprendi, fui jovem. Tive professores dos mais variados tipos, dos que menosprezavam alunos e dos que incentivavam a seguir a carreira que gostasse. Desses últimos sou amigo até hoje em dia. Lembro que a cada dia, até o fim do ano letivo, aparecia alguém novo. Eu e um amigo costumávamos dizer que aquela escola tinha "macete de aluno infinito". São muitas histórias divertidas para contar, tantas que caberiam em vários livros. Agora no momento da pandemia, recebi fotos da escola que encontra-se abandonada, saqueada e com pouco investimento do poder público, o que é triste. A ETESC tem um poder transformador absurdo, carrega consigo sonhos de muitos jovens, assim como carrega o passado de muitos profissionais maravilhosos que tive o prazer de conhecer. Trago este relato como alguém que viveu a ETESC, que clama por dias melhores na educação pública e busca a preservação deste espaço que é inesquecível.

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Piquenique

Quando tinha uns 15 anos, eu e minha irmã estávamos passando por problemas familiares e um amigo teve a brilhante ideia de levar a gente para conhecer um lugar que ele gostava e frequentava, ele buscou a gente com uma mochila cheia de doces, algumas comidas e muita água e disse que conheceríamos outro lado de Campo Grande e fomos, conhecer o morro Luiz Barata, era um silêncio, trazia uma paz e você conseguia ver vários pontos do bairro e até de Santíssimo, Realengo e Santa cruz, a gente ficou fascinada, e ficamos mais ainda com o reservatório enorme, parece bobo mas ela dava o tom de pertencimento a cidade só pelo poder de abastecimento, anos depois, ela foi tombada pelo INEPAC e o principal, a Pedra do Rui, que no ponto alto dela, consegue ter uma visão mais ampla de tudo, lugar que meu amigo preparou todo o piquenique. Hoje, esse meu amigo, se tornou meu marido e até hoje, é meu ponto de paz no meio do trânsito caótico de Campo Grande.

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Thruwback Thursday da Boa Vista

Meu local de escolha é a Quinta da Boa vista. Moro em Benfica e com 5min de bike tô dando um rolé por lá sempre quando dá. Lugar de muita história, ex casa do D Pedro 2, que veio fugido pra cá transformando nossa identidade de Brasil colônia para Brasil Império, corrijam me se tiver errado. Hahah. Lugar de muito verde, com laguinho e árvores centenárias, entrada franca, fácil acesso. Ótimo pra picnic, dates, relaxar, ler um livro. Eu super recomendo a quinta da boa vista pra todo carioca ou brasileiro que quer mergulhar em história ou só relaxar ao ar livre.

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Um Monumento Expositivo

O Centro Cultural Banco do Brasil é um dos espaços que mais sinto prazer em visitar no Centro do Rio de Janeiro. A começar pelo prédio que, de uma riqueza arquitetônica, com seus lustres, arandelas, pilastras, balaustrada e sua cúpula, compõe por si só uma bela exposição. Talvez seja meu lado de admirador dos prédios e monumentos históricos com seus detalhes que narram muitas e diferentes histórias falando mais alto. Mas não só de um belo prédio vive o CCBB como também de lindas exposições, as quais sempre que me apercebo estou colocando meus pertences no guarda volume para acessar os grandes salões. Ah, e quantas foram as exposições visitadas, versavam sobre o modernismo, surrealismo, arte contemporânea, Egito Antigo, modos de vida, diferentes visões de mundo..... Sempre uma verdadeira lindeza! Seja visitando os espaços sozinho, e os grandes debates filosóficos e de percepção que se travavam em minha mente; seja nas visitas com um grupo de amigos, as quais sempre haviam momentos de um bom debate sobre a exposição e seus intentos; ou, ainda mais especial, quando de uns anos para cá as visitas com o amor da minha vida que ressignificam os olhares ao espaço, as exposições, guardando bons diálogos, tornam o CCBB uma excelente pedida para um passeio cultural e romântico. Não procuro aqui ressaltar uma exposição específica, ou uma data. Mas prefiro guardar os momentos que as tornam inesquecíveis, que se inscrevem em nossas memórias e identidades.

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