Santa Teresa guarda nas suas ruas e calçadas a beleza das construções do século XIX, momento no qual a elite carioca subiu o morro para evitar a epidemia de febre amarela que assolou a cidade. Em 1850 essa elite subiu o moro para se beneficiar do ar fresco da região, estrategicamente próxima à Baía de Guanabara e com acessos tanto pelo Centro, quanto pelas Zonas Norte e Sul (via Lapa, Glória, Laranjeiras, Cosme Velho, Catumbi ou Rio Comprido). Ainda hoje o bairro mantém a estrutura de uma única e comprida via, sem sinal de trânsito ou posto de gasolina (de certa forma isolado de seus vizinhos), onde se encontra calçamento de paralelepípedos e pé-de-moleque e lamparinas de iluminação centenárias, “qualquer coisa entre Paraty e as cidades coloniais mineiras”, como diria o escritor Caio Fernando Abreu.
Além de Caio F., ali escolheram viver ilustres moradores como Paschoal Segreto, Laurinda Santos Lobo, Manuel Bandeira, Djanira, Nise da Silveira, artistas da contracultura como os do Dzi Croquettes e outros tantos. A vocação artística segue presente em eventos como o Arte de Portas Abertas, assim como a boemia, em botecos no melhor estilo “como antigamente”, ao redor de Largos com o das Neves, que parece parado no tempo. Santa Teresa foi o único lugar na cidade que manteve o bonde como meio de transporte até o século XXI. Embora esteja atualmente mais voltado para o turismo, o bonde tem o charme de trafegar sobre o antigo aqueduto da cidade.
Crédito da Imagem: Augusto Malta/BN Digital
Homenagem ao ilustre morador das redondezas, o Barão do Curvelo. A localidade é a primeira parada do bonde e até hoje é ponto de encontro de moradores, que conversam e jogam xadrez no fim da tarde. No Carnaval, é passagem do Bloco das Carmelitas e, no resto do ano, recebe bandas independentes e encontros de artesãos. Nele se encontra a “casa navio”, construção moderna da década de 30, inspirada no convés de uma embarcação.
Crédito das fotos: Alexandre Macieira/Riotur
A casa que já foi da mecenas Laurinda Santos Lobo teve suas ruínas aproveitadas em composição com novas estruturas metálicas. Ao caminhar pelo interior da construção, onde as paredes ficam aparentes em alvenaria, tem-se uma verdadeira aula do método construtivo de sobrados do início do século XX. Mas a grande atração é o mirante, com ampla vista para a cidade e para a Baía de Guanabara, local em que sua antiga proprietária promovia saraus com personalidades do movimento Modernista.
Crédito da imagem: Alexandre Macieira/Riotur
Vizinho ao Parque das Ruínas, o museu já foi uma das antigas residências de Raymundo Ottoni de Castro Maya e hoje abriga inúmeras obras de arte do bem sucedido empresário e colecionador, entre elas quase 500 originais de Jean-Baptiste Debret. Trata-se de uma casa Modernista clássica, feita de ângulos retos em estilo cubista, com belos jardins e uma linda vista para o centro da cidade.
Crédito da Imagem: Divulgação/IBRAM
Ocupou o lugar de uma capela erguida para Nossa Senhora do Desterro e deu nome ao bairro – até então, o entorno era conhecido como Morro do Desterro. Foi o primeiro convento feminino do Brasil, construído em 1750 pelo governador Gomes Freire de Andrade, o Conde de Bobadela, no terreno doado às freiras Carmelitas descalças, suas protegidas. Nos jardins do pátio existe uma estátua de Santa Teresa com muitas roseiras, o que certamente alude à famosa freira carmelita do século XIX, Teresinha do Menino Jesus.
Crédito da imagem: Halley Pacheco de Oliveira
A escadaria liga o Largo da Lapa à parte do bairro de Santa Teresa próxima ao convento das carmelitas. Decorada com inúmeros azulejos pelo artista plástico chileno Jorge Selarón, tornou-se ponto turístico do Rio de Janeiro e atrai muitos visitantes. Na verdade, é uma via de acesso ao bairro, chamada Rua Manuel Carneiro, com casas de ambos os lados e tão inclinada que somente é possível à circulação de pedestres.
Crédito da imagem: Alexandre Macieira/Riotur
Dedicada à música de concerto, está localizada em um edifício construído no final do século XIX, no Largo da Lapa, e tem sido, desde 1965, uma das mais conceituadas casas de espetáculos de música clássica erudita e de câmara. Antes de ser reformado para abrigar as salas de concertos, o prédio abrigou um antigo e famoso hotel e também um cinema. Tratava-se do Grande Hotel, construído em 1896 e que aparece em muitas fotos do Rio antigo, do início do século XX.
Crédito da Imagem: Caru Ribeiro/SEC
Antes de se tornar símbolo de Santa Teresa, o bondinho amarelo já foi pintado de verde. A mudança de cor atendeu aos pedidos de moradores que alegavam que a composição “sumia” em meio à paisagem verdejante. O bonde quase sumiu de fato na década de 60, quando o sistema foi desativado no resto da cidade. O bairro passou a ser o único do Rio de Janeiro a ter bondes nas ruas, um ponto de resistência como o ditado “tudo na vida é passageiro, menos o condutor e o motorneiro”.
A vocação carnavalesca de Santa Teresa começou na década de 90, quando um grupo irreverente decidiu homenagear as freiras que vivem na clausura do Convento de Santa Teresa: com o Bloco das Carmelitas. Espalhou-se a lenda que uma delas pulou o muro do convento, e, em solidariedade, todos aderiram ao véu para ajudá-la no disfarce. O enredo estava formado. Faltava o trajeto: toda sexta-feira, antes do Carnaval, o bloco sai em um sentido e volta na terça-feira no sentido oposto, para facilitar o retorno da irmã às orações.
Se nos anos 20 Santa Teresa foi ponto de encontro do Modernismo carioca, os anos 70 trouxeram um desbunde cultural para aquele emaranhado de ladeiras e curvas. Nesse contexto, um grupo que representa bem o movimento de contracultura escolheu o bairro para residir em comunidade: os Dzi Croquettes, treze homens barbudos que se vestiam de mulher para cantar e dançar em cima dos palcos, quebrando tabus e ironizando abertamente os valores políticos, comportamentais e sexuais da época.
Chácara construída por volta de 1860. Foi a última residência em que viveu Benjamin Constant, que se mudou para o local um ano antes de sua morte, em 1890. Hoje conserva a memória do Fundador da República – título concedido à época a Benjamin – e tem como destaque uma área arborizada de mais de 10 mil metros quadrados que circunda a casa e integra a Área de Proteção Ambiental (APA) de Santa Teresa desde 1985.
Endereço: Rua Monte Alegre, 255
Tel.: (21) 3970-1177
Funcionamento: Jardins: Todos os dias de 8h às 17h; Museu: de qua. a sex, de 10h às 17h; Aos sabs., doms. e feriados de 13h às 17h
Site: museubenjaminconstant.blogspot.com.br
Crédito da Imagem: Divulgação/IBRAM
Situado no alto de Santa Teresa, foi construído em 1879 pelo comendador português Antônio Valentim e remodelado nos anos 30 por seu filho, o arquiteto e cenógrafo Fernando Valentim, que dividiu o edifício de cinco andares, com ares de fortaleza, em apartamentos. Mistura estilos arquitetônicos com marcante influência gótica e foi tombado como Patrimônio Municipal nos anos 90. É um dos poucos castelinhos que ainda restaram no cenário urbano da cidade. Atualmente, o neto de Antônio recebe turistas em sistema de hospedagem familiar.
Endereço: Rua Almirante Alexandrino, 1405
Crédito da imagem: Mathieu Bertrand Struck
O ponto final da linha de bonde é uma praça rodeada de casarões e de sobrados dos anos 30, alguns deles transformados em bares, e mantém ao longo do ano uma programação cultural diversificada. No Carnaval, é passagem do Bloco Céu da Terra. Antes conhecido como Chácara Francisco Ferreira das Neves, foi aberto em 1852 pelo comendador Francisco Ferreira das Neves, que doou a imagem e construiu de 1854 a 1860 a capelinha de N. Sra. das Neves, em estilo neogótico.
Crédito da imagem: GoogleStreetView
Sobrado reformado na Ladeira Selarón, transformou-se em espaço voltado para o trabalho de grupos teatrais e abriga três companhias de teatro residentes: a Cia. dos Atores, Os dezequilibrados e a Pangeia cia.deteatro. Na sua programação, há espetáculos a preços populares e oficinas periódicas e gratuitas.
Endereço: Rua Manoel Carneiro, 12 - Ladeira do Selarón
Telefone: (21) 2137-1271
Site: www.facebook.com/sededascias
Crédito da imagem: site http://sededascias.blogspot.com.br/
Mais conhecido como Bar do Gomes, está localizado há mais de 90 anos em Santa Teresa e já funcionou como um armazém. Ainda guarda mobílias do início do século passado e serve tira-gostos como croquete de carne, empada, bolinho de bacalhau e porções de frios, tremoços e azeitonas, além de cervejas e cachaças.
Endereço: Rua Áurea, 26
Telefone: (21) 2232-0822
Funcionamento: Seg. a sab., das 11h às 00h; Dom., de 12h às 22h
Site: www.armazemsaothiago.com.br
Crédito da imagem: André Sampaio
Baiana de Salvador, há mais de uma década arma seu tabuleiro colorido na Rua Almirante Alexandrino e tornou-se atração do bairro. Ali oferece acarajés, abarás, cuscuz, bolos de aipim, cocadas, pés de moleque e flores da estação.
Endereço: Rua Almirante Alexandrino, 1458 (em frente aos Correios)
Tel: (21) 2232-1310
Funcionamento: Qui. a dom., das 17h às 22h
Site: https://www.facebook.com/AcarajeDaNegaTeresa/
Crédito da imagem: site negateresa