O verdadeiro porto do Rio de Janeiro, orla mais antiga da cidade, ia das margens ao pé do Morro do Castelo, no Largo da Misericórdia, até um pouco depois da Praça XV, no cais do Valongo e da Prainha. Nos dois primeiros séculos de ocupação da cidade, o porto do Rio não passava de pontos abrigados pelas águas profundas rodeadas por montanhas da Baía de Guanabara: os navios ancoravam e faziam a ligação com terra por meio de botes. O Rio Colonial era, ao mesmo tempo, porto, fortaleza, capital e a porta para o interior. Área de desembarque de passageiros e mercadorias, ao mesmo tempo em que escoava a produção dos engenhos de açúcar, das minas de ouro, das fazendas de gado e do café. Foi no entorno do porto que a cidade começou a crescer.
Na segunda metade do séc. XVIII, os portos passaram a dividir funções: o desembarque de passageiros e mercadorias nobres era nos atracadouros entre os morros do Castelo e de São Bento, enquanto os ancoradouros do Valongo, Saúde e Gamboa recebiam produtos trazidos por naus de maior porte e também africanos escravizados, que ali fincaram contribuições fundamentais para a cultura brasileira: na religiosidade, música, dança, vestimenta e culinária. Com o advento da navegação a vapor e de grande porte, no século XIX, o porto foi modernizado e se transformou em indústria flutuante, numa época em que o mar tinha a função de lixeira das sociedades, onde todo tipo de dejeto era descartado. No início do século XX, a região seria marcada pelo 'bota-abaixo' do prefeito Pereira Passos e a derrubada do Morro do Castelo.
Quando o Rio deixou de ser capital, o escoamento de mercadorias fugiu da cidade, indo para a vizinha Santos, mais próxima ao centro financeiro brasileiro, São Paulo. O porto morreu, e o centro, comercial e proibido de ser habitado, virou as costas para a região portuária. Um enorme viaduto, que desafogaria o trânsito da cidade ligando os dois aeroportos ao porto e à ponte Rio-Niterói, colocou a região definitivamente nas sombras. As obras de revitalização do século XXI, a derrubada da Perimetral e a recuperação da frente marítima até então esquecida trazem um novo alento para o porto do Rio. Mais que um caminho à beira-mar, a orla simboliza as principais transformações da cidade.
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O conjunto arquitetônico acompanhou as transformações urbanas da cidade até se transformar em museu de história do Brasil. Desenvolveu-se a partir do Forte de Santiago, erguido em 1603 na antiga ponta do Calabouço, ponto estratégico de defesa entre as primitivas praias de Piaçaba e Santa Luzia. À fortificação inicial, juntou-se a Prisão do Calabouço, a Casa do Trem e o Arsenal de Guerra. As instalações militares foram mantidas até 1908, quando o Arsenal foi transferido para o Caju. Na década de 1920, o conjunto foi remodelado para sediar o Pavilhão das Grandes Indústrias na "Exposição Internacional de 1922".
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O instituto está instalado no prédio onde funcionou a Estação de Passageiros de Hidroaviões do Aeroporto Santos Dumont, inaugurada em 1938 às margens da Baía de Guanabara. Com o progresso da aviação e a obsolescência dos hidroaviões, substituídos por aviões mais modernos, o edifício ficou em desuso a partir de 1942, sendo cedido pelo Ministério da Aeronáutica para aproveitamento pelo Clube de Aeronáutica, cuja sede era contígua.
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Instalado nas antigas docas da Alfândega, construídas sobre área aterrada na segunda metade do século XIX, o espaço integra o Complexo Cultural da Marinha, formado por um circuito que se propõe a revisitar a história da navegação no Brasil e do qual fazem parte o Museu Naval e a Ilha Fiscal. Estão abertos para visitação a Galeota D. João VI, construída em 1808, o Submarino Riachuelo e a Nau dos Descobrimentos, atracados ao cais. Em seu pátio, pode-se conhecer também o Helicóptero Museu.
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O edifício é o primeiro registro do estilo neoclássico no Rio, uma encomenda de D. João VI à Grandjean de Montigny, arquiteto da Missão Artística Francesa. Inaugurado em 1820 como a primeira Praça do Comércio da cidade, sede do então Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, foi transformado em Alfândega pouco tempo depois, função que exerceria até 1944. Depois teria diferentes usos até adquirir a vocação de centro cultural, uma iniciativa de Darcy Ribeiro na década de 1980.
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A Candelária pode ser considerada a mais imponente e grandiosa igreja do Rio de Janeiro, não somente por suas proporções, mas também pelo seu acabamento e pela grandiosa cúpula. A construção - iniciada em 1775 e concluída somente nos últimos anos do século 19 - foi erguida virada para a Baía de Guanabara. Dizem que financiada por mercadores espanhóis: quando viram seu barco em uma situação de naufrágio, recorreram à santa e, salvos, edificaram uma igreja que marca o Porto.
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A orla recém-criada é um passeio público de 3,5 km que interliga o Museu Histórico Nacional até o Armazém 8 do cais, ocupando a extensão onde existiu o Elevado da Perimetral. A obra recuperou a frente marítima e permite a redescoberta de espaços como a antiga Alfândega do Rio (atual Casa França Brasil) e da Igreja da Candelária, edifícios que foram construídos de frente para o mar. Para sua criação, foi feito um acordo com a Marinha de liberação da área militar no contorno do Morro de São Bento, antes restrita à população, de frente para a Baía de Guanabara.
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Inaugurado em 2013, o Museu de Arte do Rio faz parte do projeto de revitalização da Zona Portuária e está instalado em dois prédios de perfis heterogêneos e interligados: o Palacete Dom João VI, eclético, e o edifício vizinho, de estilo modernista – originalmente um terminal rodoviário. O museu tem uma proposta diferente, de ser tanto um espaço para eventos culturais como destinando à exposições de arte temporárias, movimentando a Praça Mauá de dia e de noite.
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Até a década de 1870,o porto funcionava em instalações dispersas, compreendendo os trapiches da Estrada de Ferro Central do Brasil, da Ilha dos Ferreiros, da Enseada de São Cristóvão, da Praça Mauá, além dos cais da Saúde, do Moinho Inglês e da Gamboa. Empresas construíram cais acostáveis e armazéns entre a Ilha das Cobras e o Arsenal de Marinha, e do Arsenal de Marinha até a Ponta do Caju, instalações inauguradas oficialmente em 1910. A partir da década de 30, a administração foi feita por um órgão federal autônomo até ser formada a Cia Docas do Rio, na década de 70.
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Projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava sob as diretrizes da sustentabilidade, o museu abriu ao público em dezembro de 2015 e convida à participação de todos, como cidadãos e membros da espécie humana. Um ambiente de ideias, explorações e perguntas sobre a época de grandes mudanças em que vivemos e os diferentes caminhos que se abrem para o futuro.
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"Há muito tempo nas águas da Guanabara/O dragão do mar reapareceu/Na figura de um bravo feiticeiro/A quem a história não esqueceu..." Imortalizado na música composta por Aldir Blanc e João Bosco, o marinheiro João Cândido é um herói da causa negra no Brasil por liderar o levante conhecido como Revolta da Chibata, em 1910. Os marinheiros, quase todos negros e pardos, protestaram contra as condições a que estavam relegados e, sobretudo, contra os castigos físicos impostos pelos oficiais - punição que lembrava os tempos de escravidão e não condizia com as promessas republicanas. Embora tenha sido preso e excluído da Marinha, João passou para a história como Almirante Negro e uma estátua sua foi colocada na Praça XV.
No dia 9 de novembro de 1889, apenas seis dias antes que as forças republicanas instaurassem no país a nova ordem, aconteceu o derradeiro baile da Ilha Fiscal, o apagar das luzes da Monarquia no Brasil. Naquela noite, a cidade foi ao Porto assistir, embasbacada, a queima de fogos da festa que reuniu toda a elite do Império, inclusive os militares que dariam o golpe alguns dias depois. Um samba de Silas de Oliveira, "Cinco bailes da História do Rio", retrata o baile: "Ao erguer a minha taça/ Com euforia/ Brindei aquela linda valsa/ Já no amanhecer do dia/ A suntuosidade me acenava/ E alegremente sorria/ Algo acontecia/ Era o fim da monarquia".
Dizem que havia um tesouro do Morro do Castelo, enterrado pelos Jesuítas em fuga após a expulsão ordenada pelo Marquês de Pombal. Os padres teriam enterrado seus cofres no morro, na esperança de um dia voltar para buscar. Quando o desmonte do Castelo começou a ser cogitado, Lima Barreto escreveu crônicas sobre a riqueza escondida e que estava sendo guardada em segredo, o que fez com que muita gente fosse até o morro durante a derrubada com jatos d´agua, para ver se os pertences valiosos dos jesuítas estavam mesmo lá.
Ícone da grandiosidade dos viadutos, o Elevado da Perimetral foi a negação do porto, dando prioridade para passagem dos carros, construído com vigas feitas para durar uma eternidade... cadê as vigas? É verdade que o túnel feito hoje chegou a ser aventado durante a construção da via, porém, por alegadas questões de defesa, não obteve a permissão da Marinha, assim como, pelo mesmo motivo, a circulação pela orla não era permitida. Dois políticos que se opuseram à Perimetral e ao fechamento do Porto hoje estão homenageados na região, Marcello Alencar e Luiz Paulo Conde.
O poderoso industrial Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, desposou em 1841 a própria sobrinha, Maria Joaquina de Sousa Machado, que depois seria homenageada por ele na 1ª locomotiva a vapor a rodar no Brasil. Dessa união, tiveram 18 filhos. Porém, apenas 5 chegaram a atingir a maioridade - em parte, explicado pela endogamia ou consanguinidade do casal. Hoje em dia, um aconselhamento genético poderia calcular os riscos e avaliar a possibilidade de gravidez de uma relação consanguínea.
Até 1986, o famoso Angu do Gomes era oferecido em barraquinhas espalhadas por toda a cidade. Sinônimo de tradição carioca, o prato preparado à base de fubá, recebe recheios variados como carne, frango e oferece até opção vegetariana. Está abrigado em dois belos casarões do século XIX no Largo de São Francisco da Prainha.
Endereço: Rua Sacadura Cabral, 75
Telefone: (21) 2233-4561
Site: www.angudogomes.com.br
Crédito da Imagem: Site Angu do Gomes
O conjunto arquitetônico que abriga o Museu desenvolveu-se a partir do Forte de Santiago, na Ponta do Calabouço, um dos pontos estratégicos para a defesa da cidade do Rio. Depois que o arsenal foi transferido, foi reformado para abrigar o Pavilhão das Grandes Indústrias da Exposição Internacional, em 1922, e, no mesmo ano, o museu foi criado. Hoje, possui em seu acervo a maior coleção de numismática da América Latina.
Horário de Funcionamento: Ter a sex: das 10h às 17h30; sáb e dom: das14h às 18h
Endereço: Praça Marechal Âncora, s/nº - próximo à Praça XV
Telefone: (21) 3299-0324
Site: www.facebook.com/MuseuHistoricoNacional
Créditos da Imagem: www.guiadorio.net.br
Aberta à visitação, a Ilha é hoje parte do Complexo Cultural da Marinha e foi cenário do evento que ficou conhecido como “O Último Baile do Império”. O acesso é realizado, normalmente, na Escuna Nogueira da Gama, mas, em caso de avaria da embarcação, pode ser por meio de micro-ônibus - uma estreita ponte liga a ilha ao continente. A visitação tem a duração de 2h, já incluso o deslocamento .
Horários de visitação: de quinta a domingo, às 9h15, 12h30, 14h e 15h30
Ingressos: vendidos na bilheteria do Espaço Cultural da Marinha, custam R$ 25 (inteira)
Crédito da imagem: Site www1.mar.mil.br/
O circuito demarca pontos de importância histórica e cultural da Região Portuária para a compreensão do processo da Diáspora Africana e da formação da sociedade brasileira. Cada ponto remete a uma dimensão da vida dos africanos e seus descendentes: o Cais do Valongo e da Imperatriz representa a chegada ao Brasil; o Cemitério dos Pretos Novos mostra o tratamento indigno dado aos restos mortais dos povos trazidos do continente africano; o Largo do Depósito era área de venda de escravos; o Jardim do Valongo simboliza a história oficial que buscou apagar traços do tráfico negreiro; a Pedra do Sal era ponto de resistência, celebração e encontro; e o Centro Cultural José Bonifácio remete à educação e à cultura.
Site: www.portomaravilha.com.br/circuito
Crédito da Imagem: Tomaz Silva/ Agência Brasil