Na visita do #RoléCarioca ao estádio do Maracanã, conhecemos o Hall da Fama que exibe homenagens a mitos do futebol como Pelé, Garrincha e Zico. Agora foi a vez da atacante Marta, eleita pela 6ª vez como melhor jogadora do mundo, deixar uma marca permanente no templo carioca do futebol. A alagoana de 32 anos de idade carimbou seu pé na exposição e retomou seu lugar no espaço então exclusivo para homens.
O tributo visa engrandecer as marcas da atleta e também incentivar as mulheres na luta por seu espaço. O curioso é que não foi o primeiro feito à 'rainha' no estádio. Em 2007, a futebolista gravou seus pés na antiga Calçada da Fama do Maraca, após levar o Brasil à vitória nos Jogos Panamericanos. No entanto, a placa gravada na ocasião se perdeu com o fechamento do estádio para as obras da Copa de 2014. Nada mais justo a homenagem ser refeita. Desta vez, Marta recebeu um lugar de destaque entre os 100 nomes do futebol que fazem parte do Hall da Fama, com uma área exclusiva.
Marta começou sua carreira no Vasco e atualmente joga nos EUA, pelo Orlando Pride. Em 2018, entrou para a história do futebol ao conquistar pela sexta vez o prêmio de melhor jogadora do mundo da Fifa, superando "apenas" Cristiano Ronaldo e Lionel Messi. Também é maior artilheira da história da Seleção Brasileira, tendo feito mais gols com a camisa verde e amarela que o jogador Pelé.
Maracanã Tour
Para conhecer a mais nova atração do Maracanã, um passeio com duração de 40 minutos leva os torcedores aos bastidores do Maracanã. De quebra, dá para chegar próximo ao gramado que sediou finais de duas Copas do Mundo e de uma edição de Jogos Olímpicos e experimentar o banco de reservas. Além do gramado, os visitantes também podem conhecer um dos vestiários, as salas de aquecimento e coletiva de imprensa e itens relacionados a jogadores que marcaram seus nomes na história do estádio, como Pelé, Garrincha, Zico e Marta.
O #RoléCarioca pelo Aterro do Flamengo foi o primeiro para pai e filha, José Mauro Pereira Fritz e Mariana. O intuito era fazer uma atividade que tivesse afinidade com a graduação de Mariana, que cursa história na UFF (Universidade Federal Fluminense). A estudante conta que não tem o costume de fazer passeios no domingo de manhã, mas foi convencida pela temática histórica. Além dos fatos e personagens destacados pelos professores do Rolé, o que mais chamou a atenção dos dois foi a arquitetura tão eclética do Flamengo.
- Como tiveram contato com o Rolé Carioca?
(Mauro) Uma amiga da minha esposa costuma vir sempre. É uma rolezeira, ela que indicou para a gente. Esse é nosso primeiro Rolé Carioca.
- Já fizeram outros Rolés ou passeios desse tipo?
(Mariana) Geralmente eles que fazem passeios no domingo de manhã, eu que não tenho esse costume. Me convenceram a vir no Rolé por ser um passeio histórico, rs
- E o que já sabiam ou foi novidade no Aterro do Flamengo?
(Mauro) Já vim muito aqui no Aterro, trabalhava aqui perto. Estava contando pra minha filha que a gente costumava marcar futebol nas quadras que têm aqui. Eu assisto, não jogo não, rs. Mas nunca tinha reparado direito nos prédios daqui. A história do Aterro eu conheço. Que o mar chegava ali até a rua, mas esses prédios... Por exemplo, eu sempre tinha ouvido falar do Castelinho do Flamengo, mas não tinha ideia onde era e já passei tantas vezes por aqui...
(Mariana) O que mais me pegou foi a história arquitetônica do Flamengo – como cada estrutura é diferente e representa uma época diferente. Não conhecia a história daqui, não sabia que o mar chegava até próximo aos prédios. Quase não passo pelo Flamengo, se vim 1 ou 2 vezes foi muito. Então não conhecia quase nada. Também achei interessante a questão da verticalização das moradias, como os prédios viraram um ‘boom’ no Rio de Janeiro. Pra mim sempre foi uma questão urbanística, porque é mais fácil colocar mais gente morando num edifício que em casas.
Bola na área, e olho no lance! Durante a Copa do Mundo, quando as atenções estão voltadas para essa paixão nacional chamada futebol, a dica do #RoléCarioca é fazer um programa casado com os jogos: ir até o Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro conferira mostra itinerante do Museu do Futebol que fica em exibição até o dia 30 de julho, com entrada gratuita.
A exposição "Museu do Futebol na Área" é um programão para fanáticos e torcedores e mostra o esporte como parte da história e da memória de cada brasileiro. São 8 módulos que contam desde como o futebol chegou ao Brasil e se profissionalizou até a história do país em cada mundial - a seleção brasileira é a única que participou de todas as Copas do Mundo.
Formada basicamente pelo acervo audiovisual e interativo que fica no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, a mostra inclui uma vitrine especial para os clássicos cariocas: as históricas camisas 10 dos clubes cariocas de Zico, Jairzinho, Roberto Dinamite e Rivelino.
Ídolos dos clubes, bem como frases de personalidades da literatura e música, estão representados na exposição a partir das suas relações com o futebol. Quem for à mostra vai poder experimentar atrações interativas do museu, como mesas de totó e de futebol de botão, além de relembrar dezenas de gols e locuções que marcaram época.
“Museu do Futebol na Área”
De 08 de junho a 30 de julho de 2018
De terça a domingo, das 9h00 às 17h00
End.: Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) - Rua Primeiro de Março, 66, Centro
Entrada gratuita
"Minha história no Maracanã não começou em um clássico. Foi um Fluminense x Volta Redonda, talvez em 1984, eu devia ter uns 10 anos de idade e, pelo que lembro, o Flu ganhou de 2 x 0. Depois, fui a um Fluminense x Santos pelo Brasileiro onde o Flu ganhou também. A partir daí, o pai do meu amigo de prédio que me levara a essas duas partidas, junto ao meu amigo, passou a dizer que eu era pé quente e começou a me levar aos jogos. Nessa época, morava em Laranjeiras. Meu primeiro Fla x Flu foi no triangular final do Campeonato Carioca de 1985, onde o Flu ganhava por 1 x 0 até o último minuto quando um dos maiores laterais direitos da história do futebol brasileiro – Leandro do Flamengo - acertou um chute aos 45 minutos do 2º tempo, empatando o jogo. Foi a única vez que saí do estádio do Maracanã chorando. Tinha 11 anos e foi uma grande frustração. Entretanto, naquele ano, o Fluminense se consagraria tricampeão estadual.
Me mudei para o bairro do Maraca quando tinha 13 anos. Ficava bem próximo ao estádio, umas duas quadras, e passei a frequentar ainda mais os jogos, inclusive de outros times. A galera da rua jogava bola na rua e quando passava carro ou uma senhora na calçada gritava-se: “ Parou”. Joguei muito futebol na rua no bairro. Naquela época era calmo. O problema era levar queda no asfalto quente em uma eventual falta, rs
No Maraca me sinto em casa, amo aquele lugar. Vi a seleção brasileira ganhar várias partidas. Vi o Bangu jogar (e perder) para o Coritiba na final do Brasileiro de 1985. Assisti ao famoso “jogo da fogueteira” (Brasil x Chile em 1989). Pela Copa América de 1989, vi Bebeto marcar um golaço de voleio pela seleção brasileira e o Maradona meter uma bola no travessão, atirada do meio do campo. O gol mais lindo foi do centro avante do Fluminense (Washington) em 1987 pelo Campeonato Estadual sobre o Vasco.
O bairro do Maracanã influenciou minha vida acadêmica e consequentemente na minha vida profissional. Na região, estudei inglês no Ibeu da Moraes e Silva e muita matemática nas turmas de olimpíadas de matemática do Impacto. Essas disciplinas me ajudam até hoje a administrar um negócio próprio.
Por ali as coisas mudaram muito. A rua em que morei e jogava bola não permitiria mais essa prática pelo excesso de carros. Bem próximo dali ainda existe a empada da Salete. Aliás, esse restaurante/bar é tradicionalíssimo e existe há anos. Antigamente tinha uma loja de salgados, a Pituxinha, que encerrou os negócios. A Salete vale a pena, o chopp é gelado e a empada é boa."
O tricolor Guilherme Paletta, 44 anos, é gestor da E.T.T.FIRST, empresa de prestação de serviços relacionados a Recursos Humanos, co-patrocinadora da 6ª edição do Rolé Carioca. Mora na área do Maracanã desde 1987 e já perdeu as contas de quantos clássicos assistiu no estádio.
Às vésperas de uma nova Copa do Mundo, o #RoléCarioca visitou o estádio que foi palco de nada menos do que duas Copas (a de 1950 e a de 2014) e também de uma edição dos Jogos Olímpicos (Rio 2016). O público de cerca de 300 torcedores, amantes do futebol e curiosos experimentou a sensação de pisar no gramado daquele que é, certamente, o estádio mais representativo do Brasil: o Maracanã.
No passeio dominical pelos bastidores do ‘Maraca’, estavam a moradora de São Gonçalo (e vascaína) Claudia Correia dos Santos, sua filha, Flávia, e o genro, Junior, ambos moradores de Maricá e torcedores do Flamengo, e a botafoguense Sueli. Cada qual com seu ‘manto sagrado’, mas todos juntos sentiram a emoção de passar pelo ‘túnel’ que leva os jogadores até o gramado e sentar no banco de reservas, bem na beirada do campo.
Como conheceu o Rolé?
(Claudia) Sou amiga de um grupo de rolezeiras que me sugeriram o passeio. O primeiro que fui foi o da Avenida Rio Branco, e adorei. Já morei no centro do Rio. Engraçado, o tempo em que estive morando por ali, nunca procurei saber tanto, de quão rica é a história da cidade. Foi diferente com o Rolé. Eu morava bem perto da Rio Branco e nunca percebi tantos detalhes. Até como um hidrante funcionava de maneira diferente, no passado.
Qual a sua relação com o futebol e com o estádio?
(Claudia) Meu genro é apaixonado pelo Flamengo. Quando soube desse Rolé, lembrei logo dele. Minha família é toda vascaína. Mas vou falar a verdade: nunca vi jogo no estádio. Só havia entrado no Maracanã para fazer uma prova! Para as partidas, nunca entrei. Agora ele quer me trazer num jogo do Flamengo... eu vou apanhar aqui dentro, rs.
(Junior) Sou sócio-torcedor do Flamengo, sempre venho ao estádio. Conheci o Maracanã antes da reforma mais recente, peguei a época da geral. É completamente diferente. Lotava mais, agora é mais organizado, tem mais policiamento.
E dos times cariocas, quem vai pra final do Brasileiro de 2018?
(Sueli) O Botafogo vai melhorar! Tem a história do coelho e da tartaruga: o coelho correu muito e ficou muito na frente. Como ele correu muito, cansou e dormiu. Quando ele se deu conta, a tartaruga já estava com a bandeira da vitória, rs
"Deixou um rastro". Assim o arquiteto urbanista Raul Bueno classifica o impacto negativo causado pelas obras do metrô na região do Catete, Largo do Machado e Flamengo. "O exemplo clássico do Largo do Machado é o Detran atrás do Cinema São Luiz. Toda a quadra sofreu diversas demolições que não precisariam ocorrer caso o metrô tivesse sido mais bem planejado", opina Raul. A falta de planejamento conduziu a um outro problema, que a região convive até os dias de hoje: vazios subutilizados mesmo 30 anos após a inauguração das estações de metrô. Entre outras mazelas, esses 'buracos' trouxeram insegurança para a área, especialmente na estação Flamengo, onde todos os edifícios deram costas a rua Paulo VI, deixando toda uma rua abandonada.
Para reorganizar o bairro e aumentar a circulação de pessoas pelas ruas, Raul defende um urbanismo que não seja dedicado aos automóveis. O arquiteto assina, ao lado de Adriana Sansão e Raphael Pinheiro, uma solução que transforma vagas de estacionamento em espaços de convivência (os chamados parklets) na rua Barão do Flamengo. Para quem ainda não ouviu falar, o parklet é uma extensão da calçada que se assemelha a uma minipraça equipada com bancos, mesas, árvores ou um bicicletário. A instalação dessas áreas no lugar de vagas já está sendo autorizada pela Prefeitura do Rio, que criou o programa Paradas Cariocas para que empresas, comerciantes e também os moradores da região assumam a instalação, manutenção e remoção dessas plataformas.
Batemos um papo com Raul para entender melhor a função desses parklets e outras soluções urbanísticas possíveis que beneficiariam o entorno do Largo do Machado.
-Por que planejar espaços de convivência no lugar de vagas para automóveis? O paradigma do planejamento urbano foi sempre voltado para o automóvel e para os ônibus. Existe a necessidade de tantas vagas dedicadas a automóveis? Se todo mundo quiser andar de carro, não vai dar. A cidade já está parando. O percurso que você faz em velocidade média já é bem inferior a 20 km/h. Na hora do rush, a velocidade é bem menor. Os projetos ainda são feitos para passar uma avenida que só servirá aos automóveis. E isso não é "tudo bem", porque não leva em consideração que a maioria das pessoas não tem automóvel. Não há uma visão do poder público de que a rua é um lugar também para as pessoas, ou que a rua é ainda mais segura com as pessoas.
-Algumas ruas do Catete sofrem até hoje com o abandono causado pelo metrô... A partir da estação do Catete até o Flamengo, fica bem claro o rastro deixado por essas obras. Quando você observa a rua Paulo VI, por exemplo, ela é uma praticamente rua vazia. Uma rua que ficou com uma característica de corredor: um muro sem acesso, sem janela e porta, um lugar sem um uso. A maior parte da rua tem essa configuração, só os fundos dos edifícios voltados para ela. E rua com pouca gente circulando por ela fica perigosa. Mesmo aquele terreno que tem acesso da Paulo VI e Marques de Abrantes, não há nada voltado para ele, não há lojas, portarias. Todos os edifícios deram costas a Paulo VI, deixando toda uma rua abandonada! Outro vazio deixado pelo metrô: uma praça entre a São Salvador e a Marques de Abrantes. Por que essa praça não deu certo? Quando você olha, nenhum edifício dá acesso para ela.
-Já na rua Barão do Flamengo, existem lojas e prédios voltados para ela. Qual seria a função da intervenção que você propõe para ali? Transformar a rua num lugar mais seguro, mais vivo para as pessoas. Você não tem ali uma vida urbana tão intensa quanto poderia ter, dado ao excesso de vagas. Sempre tem gente no Tacacá do Norte, nos barzinhos do entorno, mas podia ser um espaço muito mais confortável para as pessoas se você tirasse 10% das vagas para automóveis ali existentes. Esse tipo de urbanismo de micro-escala que chamamos de parklet funciona na base do 'feed back': se der errado, dá para desfazer, de forma bem simples.
-Os parklets podem causar polêmica? De onde vem a resistência? Sim, assim como alguns poucos reclamaram das bicicletas, também podem chiar sobre a adoção dos parklets. Precisamos abrir mão de expressões como 'moleque de rua'. Rever esse sonho do condomínio, de que seria melhor criar um lugar como se fosse uma cidade muito pequena, para ficar mais seguro criar as crianças, para as crianças poderem ir a pé para a casa dos amigos. Mas o condomínio não é uma cidade. Por que a cidade não pode ser um grande condomínio das crianças?
- O que ainda falta para a adoção esses espaços? Os moradores, comerciantes e a comunidade assumirem que o parklet é uma coisa possível. Agora já existe um canal oficial para quem é proprietário de uma loja/bar/estabelecimento comercial pedir autorização para a instalação de um parklet. É muito melhor colocar mesinhas no lugar de vaga de automóvel e não atrapalha a circulação de pedestres, deixa o passeio livre. A prefeitura já tem dado espaço para isso. Também é preciso melhorar a qualidade do passeio (das calçadas). As ruas não foram planejadas para idosos que vão fazer compras no supermercado, ou para quem leva o bebê para passear no carrinho, nem mesmo para quem vai andar de bicicleta. Existe dificuldade em circular pelos passeios, e o uso deles tem que ser cotidiano, não é só para o final de semana, uma vez por mês. É para o dia a dia das pessoas. Mesmo em áreas que já passaram pelo Rio-Cidade (projeto urbanístico dos anos 90), as calçadas não são confortáveis. Se já sentimos falta disso aqui no Catete, Flamengo, o que dirá em outros locais da cidade, como Madureira, Santa Cruz?
Você sabia que uma vaga de carro corresponde a 10 árvores ou bancos para até 12 pessoas ou um bicicletário para 12 bikes?
Veja detalhes do projeto para a rua Barão do Flamengo citado na matéria, neste link.
Raul Bueno é arquiteto urbanista na De Fournier & Associados e leciona no Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio. Ao projetar, busca o equilíbrio da cidade com o meio ambiente. Mora no Rio de Janeiro e é um ciclista inveterado. Só falta pedalar da Gávea ao Fundão.