No início, as ruas estreitas que correspondem ao quadrilátero formado pela Praça da República, Rua dos Andradas e ruas da Alfândega e Buenos Aires foram ocupadas por comerciantes portugueses atacadistas de tecidos e de gêneros alimentícios. Entre o final do século XIX e o início do século XX, o comércio da região mudou com a chegada de imigrantes de origem semita (libaneses, sírios e judeus), vindos do Oriente Médio e da Europa Central. Movimentos migratórios posteriores, de chineses na década de 60 e mais recentemente de coreanos, alteraram mais uma vez o espaço, cuja heterogeneidade étnica é única na cidade.
Popularmente a região é chamada de SAARA (Sociedade de Amigos e Adjacências da Rua da Alfândega), sigla correspondente à associação de comerciantes que em 1962 evitou desapropriações ao interromper a abertura de uma avenida que uniria a Praça XV à Central do Brasil. O centro comercial sobrevive com novos mascates de microfone na mão e ainda é expressão de resistência por parte de grupos minoritários. Hoje, o SAARA fala chinês, coreano, tem sotaque nordestino e o balanço típico das vozes dos morros do Rio. O SAARA está vivo com todas as suas bugigangas!
Palco de momentos históricos, como a Aclamação de D. Pedro I como Imperador do Brasil e a Proclamação da República, o local já foi chamado da Aclamação e Praça da República, por conta justamente desses eventos. Antes era usado como local de despejo de detritos, até receber, em 1880, um projeto do paisagista francês Auguste François Marie Glaziou com a finalidade de “dar um pulmão à capital do Império”. O jardim recebeu fontes, cascatas, pedras e mais de 60 mil plantas, das quais várias perduram até hoje como um refúgio verde onde habitam patos, gansos e cotias, entre outros animais.
Crédito da imagem: Robson Macedo
O prédio (que já foi sede do Ministério da Guerra e do Exército) foi o maior edifício público administrativo de seu tempo, com 86 mil m² de área e 23 andares. A construção foi autorizada durante o 1º governo de Getúlio Vargas e inaugurada em 28 de agosto de 1941, juntamente com a abertura da Avenida Presidente Vargas. Com a transferência da sede do governo para Brasília, o Palácio passou a ser chamado Duque de Caxias e atualmente é ocupado pelo Comando Militar do Leste e por outros órgãos administrativos do Exército.
Crédito da Imagem: Alexandre Macieira
Mais popular da região, foi inicialmente devotada apenas a São Gonçalo. Em 1850, a Irmandade de São Jorge se estabeleceu na mesma igreja e trouxe novos devotos. Destaque para a imagem de São Gonçalo Garcia, representado com duas lanças atravessando seu corpo e com a ponta da orelha cortada. São Jorge está representado em duas imagens: uma no altar-mor e outra na capela lateral, essa, usada nas procissões.
Crédito da imagem: Halley Pacheco de Oliveira
A ocupação sírio-libanesa na área ainda está presente nos sobrados, no comércio e nas ruas estreitas. Uma reminiscência dessa época é a Igreja de São Basílio, primeiro templo cristão oriental do Brasil, erguido em 1941 e que segue o rito Grego-Melquita. Nela já estiveram hospedados os patriarcas melquitas Máximo IV, em 1955 e, Gregorios III, em 2010.
Crédito da Imagem: Google Street View
Foram os escravos que trouxeram para o Brasil o culto a esses dois santos de origem africana. A igreja foi construída a partir de 1747 por uma irmandade formada por negros de Cabo Verde, Costa da Mina e Moçambique, além de escravos alforriados, e ainda apresenta relíquias, como a rara imagem de São Bom Homem, padroeiro dos comerciantes.
Crédito da imagem: Alexandre Macieira
Fundada em 1884, a instituição ganhou importância na luta pela liberdade religiosa numa época em que o espiritismo era associado à loucura. Mudou de endereço inúmeras vezes até se estabelecer, em 1911, na Av. Passos, onde abriga um centro espírita com cultos e estudos e uma livraria que difundi a doutrina de Allan Kardec no Brasil editando o jornal Reformador e inúmeros títulos espíritas, incluindo as obras de Chico Xavier.
Crédito da imagem: Google Street View
A Irmandade da Lampadosa (ou Alampadosa, segundo se pronunciava antigamente) foi fundada em 1714 por um grupo de devotos e ficou sediada na Igreja do Rosário e São Benedito até a construção de uma sede própria, em 1748. Consta que Tiradentes teria assistido ali parte da missa, em seu caminho para a forca, em 1792.
Crédito da imagem: Alexandre Macieira
Criado em 14 de maio de 1837 por iniciativa de um grupo de imigrantes portugueses, o Real Gabinete é uma biblioteca pública desde 1900 e funciona como instituto cultural lusófono. Em seu acervo se destacam obras de autores portugueses e títulos raros como a primeira edição de Os Lusíadas, de 1572, que pertenceu à Companhia de Jesus. Seu edifício no estilo neomanuelino traz na fachada estátuas de Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, do Infante D. Henrique e de Luís de Camões.
Crédito da imagem: Alexandre Macieira
Desde o ritual dos entrudos, passando pelos armarinhos dos paetês das odaliscas até os concursos de fantasias em clubes como o Monte Líbano, o nosso Carnaval tem um pezinho no SAARA. Até a cadência do samba foi influenciada por um instrumento de percussão de origem árabe, o adufe, espécie de pandeiro trazido ao Brasil pelos africanos. Como diria a marchinha:
Allah lá – ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô,
Mas que calor, ô, ô, ô, ô, ô, ô
Atravessamos o deserto do Saara
O sol estava quente e queimou a nossa cara
Allah lá – ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô
Viemos do Egito
E muitas vezes
Nós tivemos de rezar
Allah, Allah, Allah, meu bom Allah
Mande água pra Iaiá
Mande água pra Ioiô
Allah, meu bom Allah
A figura do mascate ficou bastante associada aos imigrantes árabes na cidade do Rio pelo fato de terem transformado o modo de se comercializar, até então, de domínio dos portugueses. Primeiro eles monopolizaram a venda de porta em porta, com a criação do “magazine ambulante”. Os mascates carregavam grandes caixas de madeira que continham de tudo um pouco: linhas, agulhas, tecidos, perfumes, joias, etc. Em pouco tempo dominaram também o atacado, montando lojinhas próximas à ferrovia e ao porto do Rio. Foi nessa época que a Rua da Alfândega se tornou um entreposto, no Centro da cidade, onde os comerciantes buscavam as miudezas que vendiam pelos subúrbios do Rio.
Foi reinaugurada no dia 29 de março de 2014 para ser a matriz da Rede de Bibliotecas Parque, que o Governo do Rio de Janeiro implantou no Estado, da qual já fazem parte a Biblioteca Parque de Manguinhos, a Biblioteca Pública de Niterói e a Biblioteca Parque da Rocinha. Possui um acervo literário com mais de 250 mil itens, livros de arte, quadrinhos, 20 mil filmes, biblioteca infantil, teatro e auditório, além de promover atividades de fomento à leitura e à educação.
Endereço: Av. Presidente Vargas, 1261
Telefone: (21) 2332-8647 / 2332-7225
Funcionamento: De terça a sábado, das 11h às 19h
Site: https://www.facebook.com/bibliotecaparqueestadual
Crédito da Imagem: Raul Aragão
Sistema de alto-falantes que transmite sua programação para os ouvintes que circulam na SAARA. Funciona como uma rádio comunitária alternando promoções, utilidade pública e serviços do centro comercial.
Endereço: Av. Passos, 91
Telefone: (21) 2221-2678 / 98967.4733
Site: https://www.facebook.com/radio.saara
Crédito da imagem: https://www.facebook.com/radio.saara
Tradicional armarinho dedicado a fantasias de Carnaval, a Casa Turuna completou um século de história em 2015 e segue sendo referência para os foliões de todas as idades, apesar de sua loja principal ter sido reduzida, de 450 m² para 200 m², com o objetivo de reduzir custos.
Endereço: Avenida Passos, 77
Telefone: (21) 2509-3908 / (21) 2242-9187
Crédito da Imagem: Fernando Maia
Fundado na década de 40 pelo libanês Narciso Mansur, foi adquirido por outros dois imigrantes em 1954: o espanhol Manuel Fernandez Dominguez e o português Antonio Vieira Leite Cabral, que deram continuidade à culinária libanesa e consolidaram no meio gastronômico o nome Cedro do Líbano.
Endereço: Rua Senhor dos Passos, 231
Telefone: (21) 2224-0163 | (21) 2221-9763
Site: http://www.cedrodolibano.com.br/
Crédito da imagem: site www.cedrodolibano.com.br
Ocupa um edifício de 3 andares na Praça Tiradentes, onde reúne empresários, acadêmicos e estudantes para pensar o futuro da cidade do Rio de Janeiro. Faz parte da rede global de laboratórios da Escola de Arquitetura, Planejamento e Preservação da Universidade de Columbia (GSAPP).
Endereço: Praça Tiradentes, 48
Telefone: (21) 2507-8505
Site: www.facebook.com/Studio-X-Rio
Créditos da Imagem: Raul Correa Smith
Abriga e preserva a obra do artista plástico Hélio Oiticica e está instalado em um prédio do século XIX, possui uma sala de conferência e galerias para exposições que recebem mostras de artistas nacionais e estrangeiros.
Endereço: R. Luís de Camões - Centro
Telefone: (21) 2242-1012
Site: www.facebook.com/CMA.HelioOiticica
Créditos da Imagem: Gê Vasconcelos