Pequena joia incrustada na zona norte do Rio, o Engenho de Dentro resguarda antigos casarios e tradições que resistiram ao tempo. É comum ainda ver chinelos fazendo a baliza da pelada da molecada e moradores sentados nas calçadas, como antigamente. O povoamento da região remonta ao século XVIII, quando era parte da Freguesia de Inhaúma, um grande território rural produtor de cana-de-açúcar e café que posteriormente deu origem aos bairros de Del Castilho, Inhaúma, Olaria, Bonsucesso até a Penha. Sua denominação deriva da cultura da cana, assim como os vizinhos Engenho Novo e Engenho da Rainha.
A implantação da Estrada de Ferro Pedro II (depois chamada Central do Brasil) foi decisiva para a ocupação e desenvolvimento da região a partir da segunda metade do século XIX. Ao lado da estação que recebeu o nome do bairro, funcionou um grandioso complexo ferroviário para manutenção de locomotivas, com oficinas de pintura, fundição, carpintaria, dimensionado para atender 4.000 km de vias, 700 locomotivas e 5.000 carros, inclusive de outros Estados. Parte dele está conservado no Museu do Trem e na recém-inaugurada Praça do Trem. A decadência do sistema ferroviário federal resultou no abandono dessa estrutura até a construção do Engenhão. Inaugurado em 2007 para os Jogos Pan Americanos, o estádio foi sede do Atletismo, função que vai exercer também nas Olimpíadas de 2016, e é por onde começa o nosso Rolé pelo Engenho de Dentro.
Imagem: Engenho de Dentro em 1958, acervo IBGE
Inaugurado para os Jogos Pan-Americanos de 2007, foi erguido pela Prefeitura no antigo terreno da Rede Ferroviária Federal e encontra-se arrendado ao Botafogo até 2027. A obra coleciona polêmicas, relacionadas a seu custo final, seis vezes acima do esperado, e a problemas estruturais que mantiveram o estádio fechado pouco tempo depois de construído.
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Com cerca de 40 mil metros quadrados, esta grande área de convivência foi inaugurada em 2016 ao lado do estádio, no terreno das antigas oficinas da ferrovia, com o objetivo de transformar os galpões abandonados em ponto de atração para os moradores, junto a um passeio público com calçadas reformadas, mobiliário urbano e paisagismo.
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Um dos antigos galpões que serviam à malha ferroviária abriga mais de mil itens sobre a história das ferrovias brasileiras. Ali estão relíquias como a Baroneza, a primeira locomotiva a circular no país, e o vagão oficial da presidência na década de 1930, usado pelo então presidente Getúlio Vargas. Após a extinção da Rede Ferroviária Federal, sua propriedade foi transferida para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
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Inaugurada em 1873, foi reconstruída e ampliada por volta de 1937, como parte do projeto de eletrificação das linhas de trem, em substituição ao sistema de tração a vapor. Nessa ocasião, passou a contar com 5 plataformas e uma estrutura metálica na forma de arco treliçado. Foi novamente reformulada para o Pan de 2007 e agora, para as Olimpíadas.
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A paróquia centenária arrecadou fundos para sua edificação de 1956 de uma forma criativa. Segundo consta, o cônego construiu no terreno um parque de diversão, então chamado de mafuá, e juntava o dinheiro proveniente da bilheteria. Outra forma de renda provinha da doação de moedas que passageiros do antigo bonde jogavam em um lençol esticado por catequistas no muro da casa paroquial.
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A unidade da Associação Cristã de Moços (ACM) do bairro foi fundada em 1983 no prédio onde existiu o famoso cinema Belair, com capacidade para mil pessoas, até a década de 1970. Faz parte de um movimento internacional de assistência social surgido em 1844 na Inglaterra, que se estabeleceu no Brasil em 1893, no Rio de Janeiro.
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Surgiu como uma Colônia de Alienados no início do século XX, para atenuar a superlotação do então Hospício Nacional e também isolar os pacientes do centro urbano. Com o fechamento do complexo da Praia Vermelha na década de 40, cresceu e foi transformado em Centro Psiquiátrico e Hospital Pedro II. Atualmente, tem seu nome em homenagem à renomada psiquiatra alagoana Nise da Silveira, que desenvolveu no local seu método de cura pela arte.
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O casario no entorno da Praça e ao longo da Rua Alberto Leite é um retrato dos áureos tempos do subúrbio: casas com amplas varandas e muros baixos, arquitetura exclusiva e, na grande maioria delas, a figura de algum santo religioso no topo da fachada, além de pequenas placas com o nome do morador e de sua formação.
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A Baroneza faz parte de uma época em que se acreditava que uma estrada de ferro nunca poderia ser vencida por uma estrada de rodagem. Em 1854, foi a primeira locomotiva a vapor a trafegar no Brasil no trecho de 14,5 km que interligava o litoral fluminense a Petrópolis. Foi assim chamada em tributo a Maria Joaquina, mulher de Irineu Evangelista de Sousa, que recebeu o título de Barão de Mauá pela inauguração da via. Um século e meio depois, os trens quase desapareceram da nossa paisagem, mas pouco dessa história sobrevive graças a entusiastas no Museu do Trem.
Antes de se chamar Nilton Santos, o estádio construído pela Prefeitura do Rio recebeu o nome de João Havelange em 2007, ao ser inaugurado. A mudança atendeu a pedido do novo arrendatário do local, o Botafogo, em uma justa homenagem ao jogador que atuou toda a sua carreira no clube alvinegro. Para a Rio2016, a sede dos eventos de atletismo ganhou a nomenclatura de Estádio Olímpico. No entanto, o uso popular confirma: o estádio nunca deixará de ser conhecido pelo aumentativo do nome do bairro onde está localizado.
Foi no Centro Psiquiátrico do Engenho de Dentro, depois de passar uma década afastada do serviço público por razões políticas, que Nise da Silveira retomou suas atividades em 1944. Única mulher entre os 150 alunos que se formaram em medicina na Universidade da Bahia em 1926, se recusou a usar os métodos de tratamento da época, como confinamento em hospitais, eletrochoque e lobotomia. Em seu lugar, criou um procedimento através do afeto, da expressão simbólica e da criatividade, uma verdadeira revolução na psiquiatria até então praticada no país.
Uma manifestação carnavalesca singular do Engenho de Dentro teve início na virada do século XXI, quando um grupo de pacientes, familiares e funcionários do Instituto Municipal Nise da Silveira se uniu para formar o Bloco Loucura Suburbana. Há 15 anos, o Loucura desfila seu samba do inconsciente em um cortejo que se concentra no pátio do Instituto e pede passagem pelas ruas do bairro, sempre na quinta-feira que antecede o Carnaval. Para integrar internos e moradores, o Bloco mantém atividades o ano inteiro, com oficinas gratuitas de percussão, adereços, fantasias, cavaquinho e composição musical.
Teve origem nos ateliês de pintura e de modelagem da Seção de Terapêutica Ocupacional, organizada por Nise da Silveira em 1946, no então Centro Psiquiátrico Pedro II. A produção feita pelos internos foi tão rica e abundante que provocou interesse científico e passou a servir ao estudo e pesquisa sobre as imagens do inconsciente. O museu foi inaugurado em 1952 e reúne mais de 300 mil documentos, telas, pinturas, desenhos e modelagens, de artistas como Adelina Gomes, Carlos Pertuis, Emygdio de Barros e Octávio Inácio.
End.: Rua Ramiro Magalhães, 521
Tel.: (21) 3111-7471
Site: https://www.facebook.com/Museu-De-Imagens-Do-Inconsciente-866682123382510/
Crédito da Imagem: Rafael Fortuna Barão
Fica bem próximo ao Instituto Municipal Nise da Silveira e é conhecido como Bar do Feio em referência ao dono, Sebastião Barrozo de Souza. A especialidade da casa são as codornas assadas na brasa, que levam um tempero secreto a base de vinho e especiarias. Para manter a brasa acesa, o dono usa um secador de cabelos, o que é, no mínimo, pitoresco. Também oferece outros grelhados, como linguiça de pernil e costela suína, acompanhados de cerveja em casco de vidro.
Horário: Ter a sex, das 16h à 1h; sáb e dom, das 10h à 1h
End.: Rua Dias da Cruz, 906 – loja A
Nos idos de 1950, a Sociedade Recreativa e Carnavalesca Arranco era um bloco de sujos que, por onde passava, “arrancava” as pessoas de suas casas e daí deriva seu nome. Tornou-se escola de samba em 1973 e usa as cores azul e branco da madrinha Portela, além de adotar como símbolo um falcão. Em 2017, vai desfilar pela série C do Carnaval carioca, com um enredo em homenagem à Regina Celi, dirigente do Salgueiro.
End.: Rua Adolfo Bergamini, 198
Tel.: (21) 3271-1371
Crédito da imagem: Wili Shampoo
Primeira unidade do Sesc inaugurada no Estado do Rio, em 1947. Abriga shows de música, mostras de cinema e espetáculos de teatro, além de ações de educação social, esporte e lazer, saúde e turismo social.
Ter. a sex., 7h às 21h | Sab., dom., 9h às 18h.
End.: Av. Amaro Cavalcanti, 1661
Tel.: (21) 3822-4830/ (21) 3822-9529
Site: http://www.sescrio.org.br/
Crédito da Imagem: Sesc