A Central do Brasil é marcada por momentos de transição na história política brasileira, da proclamação da República em 1889 ao comício de João Goulart às vésperas do golpe de 1964. Geograficamente, seu entorno cresceu e foi modificado conforme as demandas de expansão do Rio de Janeiro. Ainda no século XVIII, houve a abertura da primeira grande via da cidade, então batizada de Rua Larga em 1763. Para facilitar o comércio com o Porto, essa via interligou o Cais do Valongo e o Campo de Santana. Depois, um caminho aberto entre pântanos e alagadiços estabeleceu a Cidade Nova e uma conexão entre centro e São Cristóvão, fundamental com chegada da família real em 1808.
No século XIX, a região se valoriza com a construção de grandes sobrados. Em uma ponta, onde hoje está o palácio Duque de Caxias, as tropas imperiais se estabeleceram. Na outra, o seminário de órfãos São Joaquim, mais tarde convertido em Colégio Pedro II. Em meio a modernização da cidade, a Igreja de Santana é demolida para a construção da via de trem e inaugura-se, em 1858, a estação D. Pedro I, hoje Central do Brasil. A área muda por completo com a abertura da Presidente Vargas, em 1944, e a construção de muitas pistas de rolagem para interligar a cidade no auge do automóvel. Com seu entorno esquecido, passa por uma degradação, em que o abandono e o medo tomam conta da região. Esse espaço, muitas vezes visto só de passagem, merece ser retomado.
Imagem: Holland, S.H./1930/BNDigital
O prédio original, inaugurado na época da fundação da estrada de ferro D. Pedro II (meados do século XIX), foi abaixo em 1930 para a expansão do sistema ferroviário. Em seu lugar, foi erguido o imenso edifício em estilo art déco, típico do Brasil industrializado do concreto armado, seguindo uma forte característica do nacionalista Estado Novo de Getúlio. Ficou conhecido internacionalmente – e também por suas mazelas – no filme “Central do Brasil”.
Imagem: Halley Pacheco de Oliveira/WikiCommons
Inaugurada em 1941 como sede do Ministério da Guerra e do Exército, a estrutura grandiloquente de 23 andares fez parte do plano de Vargas de fortalecimento da imagem da República e de um exército que representasse a vanguarda brasileira. Os restos mortais do patrono do exército brasileiro, Duque de Caxias, estão depositados diante do palácio.
Imagem: Alexandre Macieira/Riotur
Sede do Ministério das Relações Exteriores entre 1899 e 1960, o emblemático casarão em cor de rosa pertenceu ao Visconde do Itamaraty, que usava a edificação apenas como casa de festas – por esta razão, no prédio não havia quartos, apenas salões. Foi adquirido pelo Governo Republicano para ser a sede e residência oficial dos presidentes na Primeira República, até a mudança para o Catete.
Imagem: Blog Torre e Arquitetura
Típico das primeiras décadas do século XX, o palácio em estilo renascentista americano pertence a um momento em que a eletrificação começava a chegar às ruas. Quando a cia francesa Light inaugurou o novo modelo dos bondes elétricos, parte da população ficou com medo da novidade tecnológica, até os bondes se tornarem o meio mais comum de circulação no Rio de Janeiro, fazendo parte do espírito da cidade.
Imagem: Revista Conexão Light/Divulgação
Dizem que, ainda jovem, Dom Pedro II pediu que, no lugar de uma estátua que seria erguida em sua homenagem, o dinheiro fosse gasto construindo uma escola: assim surgiu o antigo educandário São Joaquim, no prédio histórico da rua Camerino. Mais tarde, este centro receberia o nome do monarca – homenagem quase retirada com a República, até um grupo de ex-alunos famosos interceder por sua manutenção. Ainda hoje é ícone de uma educação pública de qualidade.
Imagem: Site CP2Centro.net
Ao lado do Beco da Sardinhas e no sopé do Morro da Conceição, um dos poucos remanescentes do estilo barroco-rococó do século XVII viu a cidade se transformar ao seu redor, mantendo a singela e simples fachada. Guarda relíquias de Santa Rita de Cássia e de Santo Lenho, tendo sido elevada à condição de Igreja Matriz em 30 de janeiro de 1751.
Créditos da Imagem: Monica Araújo
O edifício número 30 da Rio Branco é um dos remanescentes da época da abertura da Avenida Central, construído junto com a avenida e inaugurado em 1906. O interior tem uma rotunda decorada por painéis de mosaicos dourados. Na fachada, colunas neoclássicas em mármore de Carrara e janelas decoradas com guirlandas. Foi sede da antiga Caixa de Amortização até ser decretada sua extinção em 1967, quando dividia o espaço com o já criado Banco Central.
Imagem: Site BCB
Talvez a mais imponente e grandiosa igreja do Rio, não somente por suas proporções, mas também pelo seu acabamento e pela grandiosa cúpula. Sua construção, de frente para o porto, foi iniciada em 1775, como pagamento de uma promessa de navegantes que sobreviveram a um naufrágio. Concluída somente nos últimos anos do século 19, após inúmeras reformas e reconstruções, mistura estilos neo-clássico, pombalino e barroco. Ali foi realizada a missa a Edson Luis, estudante morto durante ditadura militar em confronto que só não virou tragédia graças à intervenção dos clérigos.
Imagem: Tânia Rego/Agência Brasil
O belo edifício em estilo neoclássico tornou-se icônico para o mundo financeiro nacional por ser a sede do Banco do Brasil até 1960. Inaugurado em 1906 como sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro, passou a pertencer ao Banco do Brasil nos anos 20. Sua rotunda já abrigou o pregão da Bolsa de Fundos Públicos. Hoje abriga um dos mais importantes acervos de numismática da história do Brasil e conta com uma programação extensa e variada em seus cinemas, galerias e teatros.
Imagem: Site do CCBB
Muito folclore envolve a origem do nome da pedreira atrás da Central. Conta-se que ‘providência’ era o que pediam os ex-combatentes da campanha de Canudos. Diante da promessa de assentamento dada pelo governo caso fossem vitoriosos, muitos se manifestaram ao largo do atual Palácio Duque de Caxias para que tudo o que fora prometido fosse pago. Impacientes, decidiram “tomar a Providência”, ocupando de vez o morro localizado logo atrás do palácio.
Cariocas adoram batizar ruas, pontos e monumentos independentemente da nomenclatura oficial. E isso não é de hoje. Quando fizeram a ligação entre o Campo de Santana e o Cais do Valongo, era uma via tão ampla que destoava das vielas e becos do Rio Colonial, sendo logo batizada de Rua Larga. O que pouca gente sabe é que a continuidade da Camerino era uma pequena viela de menos de 5 metros de largura que ligava até a cadeia do Alijube (na rua Acre), sendo chamada, apropriadamente, de Rua Estreita.
O relógio de quatro faces da Central do Brasil foi construído para ser um monumento ao concreto armado, na maior avenida do Brasil naquele momento em espaço urbano. Com 135 m de altura, é maior que o famoso Big Ben, e ainda hoje é a grande referência do carioca, que ainda mira seus ponteiros durante a circulação pela cidade.
Casamentos de reis e imperadores eram considerados negócios de Estado e não assuntos do coração. O de Dom. Pedro II e Teresa Cristina foi realizado por procuração, em Nápoles, como parte de um arranjo político com o Rei das Duas Sicílias. Segundo consta, o primeiro encontro do jovem casal foi pouco romântico. O imperador se sentiu enganado pelo retrato que recebeu de Teresa antes do enlace: a mulher na pintura pouco se parecia com aquela a bordo da fragata que a trouxe da Europa – baixinha e sem muitos atrativos estéticos. Foi aconselhado que tivesse paciência, e a afeição iria surgir. Além do mais, o contrato estava assinado, não havia como voltar atrás. Todavia, o amor entre o casal logo surgiria e, de acordo com historiadores, a união contribuiu para o amadurecimento de D. Pedro, “mais confiante e mais expansivo nas funções oficiais e na vida social”.
Neste tradicional representante da culinária portuguesa, a lagosta é o prato principal desde sua inauguração, em 1950. Preparado de diversas formas, o crustáceo pode ser servido grelhado com arroz de brócolis, batatas cozinhas e amêndoas. Aos sábados, há festival de camarão. Para sobremesa, servem clássicos doces portugueses, como toucinho do céu e pastel de Belém.
R. Barão de São Félix, 75
Tel: (21) 2233-8358
Ter a dom, das 11h às 16h
Crédito da imagem: Site Sentaí
Foi reinaugurada em 2014 para ser a matriz da rede de Bibliotecas Parque que o Governo do Rio de Janeiro implantou no estado, da qual já fazem parte a Biblioteca Parque de Manguinhos, a Biblioteca Pública de Niterói e a Biblioteca Parque da Rocinha. Possui um acervo literário com mais de 250 mil itens, livros de arte, quadrinhos, 20 mil filmes, biblioteca infantil, teatro e auditório, e promove também atividades de fomento à leitura e é um espaço de educação informal.
Av. Presidente Vargas, 1261
Tel: (21) 2332-8647/ 2332-7225
https://www.facebook.com/bibliotecaparqueestadual
Crédito da Imagem: Raul Aragão
Na rua Miguel Couto, os carros deram lugar aos chamados ‘frangos marítimos’, como as sardinhas ficaram conhecidas por ali. Essa história começou em meados dos anos de 1950, quando dois irmãos portugueses abriram um restaurante para servir pratos da sua terra natal, o Bar Ocidental, que depois ganharia uma filial, o “Rei dos Frangos Marítimos”. Hoje em dia, quatro restaurantes ocupam a viela com suas mesas ao ar livre, que costumam ficar cheias no final do dia e também quando há casamentos na vizinha Matriz de Santa Rita.
Rua Miguel Couto, 139
De segunda a sexta, das 11h às 22h; sábados, das 9h às 13h
Imagem: GoogleMaps