Os caminhos do Rolé Carioca levam pela rua mais representativa do Rio Colonial, que já foi chamada de Rua Direita. Evidências históricas indicam que o caminho era utilizado pelos índios temiminós bem antes dos portugueses. O estabelecimento da sede da cidade no alto do Castelo, no século XVI, aumentou a circulação na via, que receberia suas primeiras construções: a da ordem religiosa dos carmelitas, um trapiche e o Forte Santa Cruz. No século XVII, casarões de senhores de engenho demarcaram novos usos nas imediações, como as residências dos Correia Sá e Benevides e dos Teles de Menezes (da qual restou o Arco do Teles). Outros edifícios foram erguidos para a nova capital colonial: a Alfândega (atual Casa França-Brasil), a Casa de Contos e a Casa dos Governadores, que se tornaria o Paço Imperial.
A partir de 1808, com a fuga da corte portuguesa para a cidade, o Rio passou a circular pela Direita. A Igreja do Carmo foi elevada à Catedral, e o Paço abrigou os recém-chegados até se tornar o ponto de despachos da família real no Brasil. Como centro de comércio e da moda, o logradouro recebeu produtos oriundos da abertura dos portos que abasteciam o sonho da nobreza local em ser mais europeia. Entre o Carmo e a Ouvidor, se instalaram cafés, restaurantes e confeitarias – uma delas, a Carceller, de tão frequentada daria nome ao local até muito depois de desaparecer. Durante a República, já Primeiro de Março, a avenida adquiriu o contorno atual através de uma série de aterros. Na Praça XV, o chafariz de Valentim se afastou da beira do cais, e, a partir do desmonte do Castelo, abriu-se espaço para atender à expansão da malha viária da cidade.
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Inaugurado em 1906 como sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro, chegou a abrigar em sua rotunda o pregão da Bolsa de Fundos Públicos. Na década de 1920 passou a pertencer ao Banco do Brasil, que o reformou como sede. Esta função, que durou até 1960, tornou o edifício emblemático do mundo financeiro nacional. No final da década de 1980, resgatando seu valor simbólico e arquitetônico, o prédio foi adaptado para abrigar o centro cultural, num projeto que preservou o requinte das colunas, dos ornamentos, do mármore do foyer e escadarias e da cúpula sobre a rotunda.
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Uma das primeiras construções da avenida foi um fortim de madeira que fazia a defesa da várzea. Sobre as ruínas desse forte, foi erguida uma ermida para servir como cemitério dos militares, que, mais tarde, deu lugar à Igreja. Serviu de sede do bispado entre 1734 a 1737, período marcado por conflitos entre os padres e os militares. O projeto original, em estilo barroco jesuítico, é do engenheiro militar José Custódio de Sá. Dez anos após o incêndio que a destruiu quase que totalmente, a Igreja passou por uma reconstrução, em 1850.
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Poucos endereços na cidade guardam tantos acontecimentos históricos: ali D. João VI foi aclamado, Pedro I decidiu pelo “Fico” e a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea. Construído entre 1738 e 1743 por ordem de Gomes Freire Andrade, conde de Bobadela, se tornou a primeira casa nobre destinada ao governo da Capitania. O projeto aproveitou parte das antigas construções existentes no local - os Armazéns Del-Rei e a Casa da Moeda. Com a transferência da sede do governo geral para a cidade, em 1763, torna-se Palácio dos Vice-Reis. Transformado em Paço Real, em 1808, assume novo sentido: torna-se centro dos acontecimentos políticos, festas reais e cerimônias de afirmação do poder. Ao prédio foram anexados, por passadiços, os prédios do Convento do Carmo e da Cadeia Velha. Com a República, é destituído de suas funções políticas e passa a sediar a repartição dos Correios e Telégrafos, até seu tombamento definitivo, em 1938.
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Nos idos de 1640, o primeiro edifício ali construído abrigou os três vereadores, eleitos por voto indireto para um mandato de um ano, que cuidavam da cidade e das suas finanças. Todo o dinheiro da cidade ficava guardado em um cofre chamado “burra”, que só podia ser aberto por três chaves: cada uma ficava com um vereador. Com um número maior de representantes, foi sede do parlamento imperial. Em 1922, já bastante degradado, foi demolido para dar lugar a um palácio inspirado no Grand Palais de Paris e inaugurado em 1926. Funcionou como Câmara Federal até 1960 – com exceção do período entre 1937 e 1945, quando Getúlio Vargas fechou o congresso. Depois, foi sede da Assembleia Legislativa do Estado da Guanabara (ALEG) até surgir a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), com a fusão dos estados da Guanabara e do Rio.
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Marco divisório da arquitetura moderna no Brasil, o edifício foi construído entre 1937 e 1945 para ser o Ministério da Educação e Saúde. É resultado do trabalho de um grupo de arquitetos liderados por Lucio Costa e do qual participam Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira, Ernani Vasconcellos e Oscar Niemeyer. O projeto buscou ater-se aos elementos de referência do trabalho de racionalismo arquitetônico de Le Corbusier: uso de pilotis, planta livre, terraço-jardim, fachada livre e janelas horizontais. Seus 16 andares usam materiais arrojados: ferro e concreto, mármore de lioz, tijolo de vidro inglês misturado com mármore amarelo. Possui jardim projetado por Burle Marx e painéis de azulejos de Cândido Portinari.
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A ideia para criar uma academia literária brasileira foi inspirada na academia francesa e data do final do século XIX. A ABL é formada por 40 membros efetivos e perpétuos, além de 20 sócios correspondentes estrangeiros. Os membros são conhecidos como “imortais”, um cargo vitalício. Quando um dos membros morre, a Academia anuncia que a cadeira está livre para receber candidaturas, depois é escolhido, em votação secreta, o substituto. Teve sua sessão inaugural em 20 de julho de 1897, presidida por Machado de Assis, também um dos fundadores, junto com Lúcio de Mendonça, Olavo Bilac, Graça Aranha, Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, Visconde de Taunay, entre outros.
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Criado em 1948, o MAM-Rio ocupou inicialmente as dependências do Banco Boavista na Candelária. Em 1952, foi transferido para os pilotis do atual Palácio Capanema, então MEC. Ao inaugurar esta segunda sede provisória, foram expostas obras premiadas na 1a. Bienal de São Paulo. Em 1954, iniciou-se a construção da sede definitiva, em terreno doado pelo Governo do Distrito Federal: 40 mil metros quadrados destinados ao prédio e aos jardins, à beira-mar, situada ao fundo da Enseada da Glória. O projeto ficou a cargo de Affonso Eduardo Reidy, e os jardins foram concebidos por Burle Marx.
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De “direta” ou “reta”, a antiga Rua Direita não tinha nada. Também não significava uma direção oposta à esquerda. A Direita circundava o Castelo e fazia a ligação, por beira mar, do cais às partes altas da primitiva ocupação no Rio: os morros do Castelo, São Bento e da Conceição. Sua denominação atual, embora coincida com a data de fundação da cidade (1/3/1565), foi dada somente no governo de D. Pedro II, para marcar a ocasião do fim da Guerra do Paraguai (1/3/1870).
Reza a lenda que a chegada da numerosa corte portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808, resultou nos primeiros desalojamentos da cidade. Como abrigar tantos súditos? Simples: D. João VI distribuiu títulos de nobreza para comerciantes estabelecidos no centro da cidade em troca de cederem suas residências. As casas escolhidas eram marcadas com as iniciais P.R., de Príncipe Regente – mas que o povo logo traduziu como “Ponha-se na Rua”! Havia quem dissesse que era “Prédio Roubado”, já que as famílias eram obrigadas a desocupá-las deixando mobília, louças e talheres, roupas de cama, criados, e o que mais o invasor desejasse.
Muito antes da construção do Palácio Tiradentes, o local ocupado pela sede do Poder Legislativo do Estado do Rio de Janeiro abrigou um edifício conhecido como Casa de Câmara e Cadeia. Era comum, nas cidades coloniais portuguesas, o prédio onde aconteciam os trabalhos legislativos também servirem de prisões aos que desobedeciam às leis da Coroa. A “Cadeia Velha”, como ficou conhecida, se diferenciava do Aljube, onde ficava os criminosos comuns, por receber presos “mais importantes” em seu subsolo. Entre eles, o inconfidente mineiro que hoje dá nome à casa legislativa: Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, esteve ali até sua condenação à forca, em 21 de abril de 1792.
Vale voltar numa manhã de sábado para conhecer a feirinha. Com o fim da Perimetral, as barracas ficam agora em frente ao Paço Imperial. São cerca de 300 que vendem de tudo um pouco: mobiliários, tapeçaria, vinis, filatelia, numismática, brinquedos, roupas vintage, livros e antiguidades em geral.
Praça XV, entre o Paço Imperial e o Arcos do Teles
Todos os sábados, de 6h às 15h. Grátis.
https://www.facebook.com/feiradapracaxvrj
Crédito da Imagem: Facebook Feira da Praça XV RJ
Talvez a mais conhecida seja a Samba do Ouvidor, que começou há 8 anos e costuma lotar a Rua do Mercado no fim de tarde de sábado. Mas outras rodas de samba complementam a programação para quem quer ouvir boa música com os amigos num espaço ao ar livre. A Samba de Lei, por exemplo, toma o Arco do Teles toda quinta-feira à noite. O sucesso se espalhou para restaurantes e bares da região, que também apostam em música ao vivo.
Esquina da Rua do Mercado com Rua do Ouvidor
Aos sábados, a cada 15 dias, a partir das 16h30. Grátis
https://www.facebook.com/SambaDaOuvidor/
Crédito da Imagem: Nico Kaiser/CCBY2.0
Uma reforma recente valorizou os móveis originais, as vitrines de madeira e o tapete de ladrilho da primeira loja de José Antônio Coxito Granado. Fundada em 1870, revendia medicamentos vindos da Europa e também brasileiros produzidos com insumos importados. Foi então que o empreendedor decidiu produzir – com o apoio do irmão, o farmacêutico João Bernardo Coxito Granado – novas fórmulas medicinais com plantas cultivadas na região serrana do Rio. Hoje em dia, o tradicional Polvilho Antisséptico, registrado em 1903 por Oswaldo Cruz, disputa espaço com uma extensa linha de sabonetes e cremes, que incluem a marca Phebo.
Rua Primeiro de Março, 16
Segunda a Sexta: 08h às 19h; Sábado:10h às 14h
https://www.facebook.com/granadoprimeirodemarco
Crédito da Imagem: Site Granado