Pela primeira vez, o Rolé Carioca extravasa os limites da cidade do Rio! Subiremos a serra, a caminho de Petrópolis, a chamada “Cidade Imperial”, para entender a importância histórica desse recanto fluminense. Uma localidade praticamente inexplorada pelos portugueses nos 2 primeiros séculos de colonização, devido ao paredão montanhoso de mais de 1000 m de altura que tinha que ser vencido, bem como pelos índios coroados que habitavam a serra. A descoberta do ouro em Minas Gerais e a abertura de caminhos pelos bandeirantes determinaram novos rumos para a região.
Uma das trilhas da Estrada Real, o Caminho Novo reduziu em 1/3 o tempo de viagem entre o Rio e Minas. Subindo a Serra do Mar na altura de Xerém, passava por Paty do Alferes e Paraíba do Sul, antes de seguir para Juiz de Fora e Barbacena. Foi por esse caminho que, em 1822, D. Pedro I se encantou com a exuberância e o clima ameno da serra e decidiu comprar a Fazenda do Córrego Seco, que foi deixada como herança para seu filho, D. Pedro II. Em 1843, em meio ao ‘boom’ do café, a “Povoação-Palácio de Petrópolis” foi fundada. O decreto compreendia o assentamento do povoado com a doação de terras da fazenda imperial a colonos livres, em sua maioria imigrantes alemães, e a construção de um palácio de veraneio para o imperador, tarefas executadas sob o comando do engenheiro Major Koeler.
Durante quase todos os verões em que governou o Brasil, o imperador mudou-se com a sua corte para Petrópolis – o que acabou conferindo à cidade, desde o princípio, um caráter funcional turístico mais voltado aos veranistas. Mesmo com a Proclamação da República, o prestígio de Petrópolis foi mantido, enquanto residência de verão dos presidentes da velha e da nova república. Uma ‘nova corte’ continuou ditando as regras do ordenamento e das atividades urbanas da cidade. Até a década de 1950, investimentos em indústrias, principalmente a têxtil, dinamizaram a economia. Depois, a mudança da capital federal para Brasília, a explosão demográfica e a ocupação desordenada modificaram a qualidade de vida da população. O rearranjo urbanístico mais recente inclui a substituição de antigas fazendas por condomínios de luxo horizontais e verticais. Rodeados por resquícios da Mata Atlântica e a ainda charmosa “Cidade Imperial”, atendem a uma demanda por refúgio no topo da Serra do Mar. Vamos ver isso de perto?
Crédito da Imagem: BN Digital
A estrutura pré-montada de ferro é inspirada nos Palácios de Cristal de Londres e do Porto e consta como presente do Conde d'Eu para sua esposa, a Princesa Isabel. Foi inaugurado em 1884 com a finalidade de abrigar as já tradicionais exposições de produtos hortícolas e pássaros da região, que aconteciam em instalações provisórias no local. Hoje recebe eventos culturais e exposições diversas.
Crédito da Imagem: Thiago Diniz/Rolé Carioca
Residência de verão que pertenceu à Irineu Evangelista de Souza, antes Barão e posteriormente Visconde de Mauá, é a única construída para seu próprio uso em 1854. Conserva linhas neoclássicas sóbrias, como o telhado escondido por beirais de alvenaria. Possui à sua volta um jardim gramado, com algumas espécies raras de palmeiras e árvores frutíferas, cercado por muros de alvenaria e gradis de ferro fabricados no estaleiro Mauá. Atualmente, é um centro de formação continuada a profissionais da rede escolar.
Crédito da Imagem: Prefeitura Municipal de Petrópolis
Construção em estilo neogótico francês. No seu interior destaca-se o Mausoléu onde estão os restos mortais da Família Imperial (dom Pedro II, sua esposa a Imperatriz Teresa Cristina, Princesa Isabel e seu marido Conde D`Eu). O padroeiro da Catedral, São Pedro de Alcântara, venerado como protetor da monarquia, fora instituído como patrono oficial do Império Brasileiro por D. Pedro I. Sua festa é celebrada no dia 19 de outubro.
Crédito da Imagem: Thiago Diniz/Rolé Carioca
Antigo refúgio da família imperial durante o verão, hoje possui o principal acervo do país relativo ao império brasileiro, em especial o chamado Segundo Reinado, do governo de D. Pedro II. A construção do prédio neoclássico, com projeto original de Julius Friedrich Koeler, teve início em 1845 e foi concluída em 1862. Após o banimento da família imperial para a Europa, o Palácio foi alugado para o Educandário Notre Dame de Sion entre 1893 e 1908, e, em seguida, entre 1909 e 1939, o Colégio São Vicente de Paulo funcionou no prédio. Graças a um aluno do colégio, Alcindo de Azevedo Sodré, houve a transformação do edifício em um museu histórico, inaugurado em 1943.
Crédito da Imagem: Thiago Diniz/Rolé Carioca
Construído pelo Barão do Rio Negro em 1889, pouco antes da Proclamação da República. Depois teve vários usos até que, em 1903, passou a ser residência oficial de verão dos Presidentes da República. Rodrigues Alves foi o primeiro presidente a ocupar o Palácio e depois disso, até João Goulart, todos os ocupantes do maior cargo do executivo passaram por lá. Hermes da Fonseca inclusive se casou no Palácio com uma petropolitana, Nair de Teffé.
Crédito da Imagem: Thiago Diniz/Rolé Carioca
Num terreno muito íngreme da Rua do Encanto, Alberto Santos-Dumont planejou e ergueu, em 1918, o ousado projeto de sua casa de veraneio, um chalé em estilo alpino francês, com a ajuda do engenheiro Eduardo Pederneiras. “A Encantada” (assim chamada por ele) foi transformada em museu e apresenta objetos pessoais e ideias práticas desenvolvidas pelo inventor, como um chuveiro aquecido a álcool, móveis multiuso e a famosa escada com degraus em formato de raquete de tênis, para facilitar a subida sem bater as canelas.
Crédito da Imagem: Alexandre Machado/Wikicommons
Foi inaugurado pela Universidade Católica de Petrópolis em 1972 por ocasião das comemorações de 150 anos da Independência do Brasil. Decorado com flores da estação, o relógio é controlado de dentro do prédio da universidade e possui um carrilhão com badaladas a cada meia hora.
Crédito da Imagem: Thiago Diniz/Rolé Carioca
A história da cervejaria teve início em 1853, quando a cidade de Petrópolis ainda estava em construção e o imigrante alemão Henrique Leiden fundou o que viria a ser a primeira indústria cervejeira no Brasil, introduzindo a produção da cerveja Pilsen. Dez anos depois, a empresa passa às mãos de Henrique Kremer, responsável por expandir a fábrica. Em 1898, a fábrica é rebatizada com o nome que permanece até hoje: Cervejaria Bohemia.
Crédito da Imagem: Thiago Diniz/Rolé Carioca
Segundo consta, os tutores de D. Pedro II queriam que o jovem imperador se tornasse uma pessoa regrada, controlada, ilustrada e também fosse o oposto do espalhafatoso pai, Pedro I, que assinava suas cartas para a Marquesa de Santos como “Demonão”. Entre seus amores clandestinos, o mais famoso relacionamento extraconjugal foi com Luísa Margarida de Barros Portugal, a condessa de Barral, uma rica dona de engenho casada e preceptora das princesas Leopoldina e Isabel. O relacionamento durou 34 anos de suspiros apaixonados em cartas interatlânticas, nas quais Pedro II relembrava com carinho das “noites atenienses” ou de quartinhos de hotéis em Petrópolis.
A temporada de verão de D. Pedro II na Serra da Estrela durava até seis meses, de novembro a maio, quando a cidade se tornava a capital do Império e centro da atenção nacional. Mas o protocolo da serra era simples: o Imperador podia ser encontrado circulando pela cidade de carruagem ou mesmo a pé. Vez em quando, entrava na sala de aula de uma escola e passava a fazer perguntas aos espantados alunos. Dizem ainda que não era raro ouvir a princesa Isabel, saindo de sua casa, em frente à Catedral, recomendando ao Conde d'Eu: "Gaston, não esqueça a chave do portão!"
O compositor do Hino Nacional Brasileiro, Joaquim Osório Duque-Estrada, é considerado um poeta petropolitano, embora tenha nascido em Paty do Alferes, então distrito de Vassouras, em 1870. O poema de Duque-Estrada foi composto em 1909, com pequenas diferenças do que conhecemos hoje. Após um longo e intenso debate no Congresso Nacional, que durou anos, a composição foi oficializada como letra do hino no dia 6 de setembro de 1922, véspera da comemoração do centenário da Independência do Brasil.
Um dos principais pontos de lazer de Petrópolis, tem características preservadas como o coreto, as palmeiras imperiais e a ponte de madeira. Primeiro foi chamada de Largo Dom Afonso, em homenagem ao primogênito de D. Pedro II, até ser denominada Praça da Liberdade em 1888, porque ali era o ponto onde se reuniam os escravos livres para comprar a liberdade dos companheiros que ainda eram mantidos nas senzalas.
Crédito da Imagem: Thiago Diniz/Rolé Carioca
Erguido na década de 1940 para ser o mais glamuroso hotel-cassino das Américas, foi idealizado pelo empresário mineiro Joaquim Rolla, dono do famoso Cassino da Urca no Rio. A fachada austera do prédio, em estilo normando, contrasta com o luxo do interior, de inspiração rococó decorado com cenários hollywoodianos. Entre outras extravagâncias, o projeto tinha sobre as mesas de jogo uma das maiores cúpulas em vão livre do mundo, um teatro para 1100 lugares, pista de patinação no gelo e areia trazida de Copacabana para formar uma praia artificial. Por seus salões passaram Carmen Miranda, Orson Welles e Walt Disney, entre outras celebridades. O esplendor original foi recuperado depois de um restauro comandado pelo Sesc Rio, que, além de um calendário de shows e peças de teatro, promove também visitas guiadas pelo complexo.
Visitação às terças, 9h às 18h, e quartas a domingo e feriados, 9h às 21h30
Av Joaquim Rolla, 2
(24) 4020-2101
https://www.sescrio.org.br/unidades/sesc-quitandinha/informacoes
Crédito da imagem: SescRio