Rolé Carioca

  • PT•
  • EN
  • Sobre
  • Blog
  • Roteiros
  • Papo de Rolé
  • Mapa de Memórias
  • CineCidades
  • Contato
  • PT•
  • EN
Roteiro
mapa
!
Dizem por aí
Dicas Culturais
compartilhar
  • facebook
  • twitter
  • whatsapp

Roteiro Histórico

Previous Next

SOBRE O ROTEIRO

Entre edifícios abandonados, demolidos, reaproveitados ou ativos até hoje, a maioria dos cinemas apontados neste roteiro não exerce mais o seu papel de sala exibidora, principalmente os cinemas de rua. Ainda assim, o Rolé Carioca fala sobre memória, e esse conjunto de prédios representa a história da “Sétima Arte” na nossa cidade, fato tão importante que é reconhecido no nome do bairro mais importante para sua trajetória, a Cinelândia.

Na virada do século XX, o centro do Rio era reduto de novidades urbanas, a maioria trazida da França e dos EUA. Naturalmente, foi aqui que aconteceu a primeira sessão de cinema no país, em 1896. A primeira sala fixa, destinada, embora não exclusivamente, ao cinema foi inaugurada em 1897, na Rua do Ouvidor, um empreendimento ligado ao italiano Paschoal Segreto. Ao lado de bonecos automáticos, caça-níqueis, números de variedades e aparelhos de entretenimento científico, o Salão de Novidades Paris no Rio exibia também um Cinematógrafo Lumière. O interesse do público pelas exibições fez com que Segreto investisse na produção de películas – que, naquela época, eram cenas gravadas sem sequência, atores ou roteiro prévio.

A distribuição regular de eletricidade na cidade foi essencial para o estabelecimento desses espaços de lazer. A partir de 1907, mais de 20 cinematógrafos foram instalados na área da recém-inaugurada Avenida Central (atual Rio Branco). Entre os anos 1920 a 1930, a região se tornou um reduto cinematográfico muito graças ao espanhol Francisco Serrador, que vislumbrou uma ‘cidade dos cinemas’ como atração cultural, circundada pelos sofisticados prédios do Teatro Municipal e da Escola Nacional de Belas Artes. Duas empresas cariocas, os estúdios Cinédia (1930) e Atlântida (1941), consolidaram a produção nacional e desenvolveram um gênero cinematográfico capaz de atrair mais espectadores: a chanchada. De lá pra cá, os cinemas passaram por muitas transições, mas permanecem como um rico panorama para o entendimento do espaço público do Rio.

TEATRO CARLOS GOMES

Construído em 1872, o Teatro Carlos Gomes recebeu originalmente o nome de Teatro Cassino Franco Brasileiro (ou Casino Franco-Brésilien). Foi inaugurado em 1º de fevereiro daquele ano e situava-se esquina da Praça da Constituição (atual Tiradentes) com a Rua do Espírito Santo (atual Pedro I), em frente ao hoje inexistente Hotel Richelieu.

Em 1904, o Teatro Santana foi adquirido pelo empresário do entretenimento Paschoal Segreto. No ano seguinte, a casa foi reinaugurada com o nome de Carlos Gomes, em homenagem ao mais importante compositor de ópera brasileiro, autor de ‘O Guarani’. Paschoal Segreto deu um novo significado ao local, montando, num pátio, um bar que trazia as populares mesas e cadeiras da Brahma, além de um pequeno parque de diversões.

Em 1929, o Teatro Carlos Gomes sofreu o primeiro de seus vários incêndios. Na manhã de 27 de agosto daquele ano, o velho casarão foi totalmente destruído por um incêndio, só deixando de pé as colunas de ferro que formavam a base do teatro e sustentavam os camarotes e galerias. O antigo prédio foi demolido e reconstruído em estilo art-déco, próprio dos anos 30. A reinauguração ocorreu em 1932. Paschoal Segreto construiu sobre o teatro apartamentos que hoje são usados como salas comerciais.

Em 1955 e 1963, foi transformada em cinema, o que promoveu um protesto da classe teatral. Em 1984, por pouco foi demolido para a construção de um hotel. Nessa época foi pedido o tombamento do Teatro por sua importância histórico-cultural. Em 1985, iniciou-se uma grande reforma, sob comando de Orlando Miranda. Em 1988, o Teatro foi comprado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, sendo restaurado e entregue ao público em 1992.

CINE IDEAL

O Cine Ideal foi inaugurado no dia 2 de outubro de 1909, no entanto, a primeira exibição só ocorreu no mês seguinte. Seu proprietário era o Visconde de Moraes. O Ideal rivalizava com o Cine Íris, na mesma rua. No livro “Palácios e poeiras — 100 Anos de Cinemas no Rio de Janeiro”, Alice Gonzaga conta que o Ideal passava os filmes da Pathé, e o Íris os da Universal. Na hora da exibição das películas a rua ficava intransitável devido a quantidade de gente que se amontoava em frente aos cinemas.

Os quatro sobrados que compunham originalmente o Cinema Ideal foram construídos em 1905 pelo construtor Miguel Bruno, a mando de seu proprietário, o Visconde de Moraes. O Cinema Ideal foi inaugurado em 1909, quando a Empresa Pereira, Pinto e Cia., do ramo cinematográfico, adquiriu os quatro imóveis. Em 1913, o local passou por uma grande reforma que ampliou sua sala de projeção e colocou-o entre os maiores cinemas da cidade, ao lado do Cinema Avenida Central e do Íris, situado também na Rua da Carioca. A cúpula assinada por Gustave Eiffel foi introduzida nesta grande reforma, transformando-se na grande novidade da cidade à época: por um dispositivo mecânico, se abria durante as sessões para renovar o ar e refrescar o ambiente. Era a única casa na América do Sul a projetar ao ar livre.
Um dos grandes frequentadores do Cinema Ideal foi Ruy Barbosa. Após a sua morte, uma cadeira foi interditada por corrente e identificada com uma placa comemorativa.

Em 1926, o Cinema Ideal passou a integrar a rede de cinemas de Luiz Severiano Ribeiro. Mais tarde, em 1994, os dois sobrados que originalmente comportavam a sala de projeção, sofreram um grande incêndio. Posteriormente, no ano de 1996, a construção foi vendida aos comerciantes Maurício Francisco Tauil e João Alves Ferreira.
 

CINE ÍRIS

Um dos cinemas mais antigos em funcionamento no Rio de Janeiro é o Cinema Íris. Localizado na Rua da Carioca 49, foi inaugurado em 30 de outubro de 1909 pelo empresário João Cruz Júnior. O cinema era “pequeno, com acomodações para cerca de duzentas pessoas. Dividia-se em 1ª e 2ª classe, separadas por grade de ferro e tinha espaço para abrigar duas orquestras, uma no interior da sala de projeção e outra na sala de espera, tocando para distrair os frequentadores e prevenir tumulto em caso de atraso.

O cinema projetado pelo engenheiro Paulo de Frontin é um dos poucos prédios art nouveau. Em 1914, foi transformado num teatro e passou a ter o nome de Theatro Victoria, trazia famosas companhias teatrais tendo um público fiel. Em 1921 foi reformado e sua capacidade aumentou para comportar 1.200 espectadores. Na a contrução Baumgarten se utilizou do ferro para aumentar a capacidade da sala. No terraço foi instalada a clarabóia, elemento comum como forma de ventilar o ambiente. Os banheiros foram instalados abaixo do palco, para os homens, e na primeira galeria para mulheres. Ambos com ventilação para os fundos e ainda possuía acesso para o morro de Santo Antônio. Em 1922 adotou o nome Cine-Theatro Iris em referência a deusa grega.

A partir de 1983, logo após o tombamento, passou a apresentar filmes eróticos com shows de stripttease, desde então o público passou a ser majoritariamente masculino. Até hoje o cinema continua nas mãos da mesma família do fundador.

CINE ORLY

O Cine Orly surge cerca de dez anos após a consolidação da Cinelândia no campo do cinema através da inauguração do Capitólio, Glória e Império. Em 1935, o Orly foi inaugurado como Cine Teatro Rio. Do mesmo idealizador do Cine Teatro Rex, o Cine Orly ocupa a mesma galeria onde hoje temos o Teatro Dulcina, inaugurado no mesmo ano do cinema, com o nome de Teatro Regina (Gonzaga, 1996). Como Cine Teatro Rio oferecia 510 lugares, como Cine Orly oferece 316 (Gonzaga, 1996).

Antes de receber o nome que hoje identificamos, ele passou por diversas transições, sendo identificado como Cine Ok, Cine São Carlos, Cine Rivoli e o atual, Orly.

Enquanto Cine Rivoli, contava com um espaço desconfortável e modesto, um cinema de pequeno porte, no subsolo do que antes fora o Cine São Carlos. A empresa Cia. Nacional Cinefilmes foi responsável pela exibição entre 1950 e 1964. A partir deste ano foi substituída pela Esplendor Filmes S. A. O espaço fechou para reformas em 1969 e sua capacidade fora diminuída, causando a insatisfação dos frequentadores até o encerramento das atividades em 29 de abril de 1974. A inauguração sob o este novo (e último) nome ocorreu em 23 de dezembro de 1974, sob administração da empresa exibidora Esplendor Filmes S. A.

O Orly fica no Edifíco Teatro Regina, ou simplesmente Edifício Regina, e é um dos exemplares do estilo Art déco que ainda pode ser apreciado pela Cidade. Projetado em 1932 por Arnold Brune, sua construção se deu entre 1932 e 1935. Em 1944, após um incêndio, passou por uma reforma, quando o Teatro Regina recebeu o nome de Dulcina, em homenagem à famosa atriz brasileira. Sua última reforma foi concluída em 1981. Este cinema dedicava-se a exibição de filmes pornográficos e era reconhecido como um espaço frequentado pelo público gay masculino.

CINE TEATRO REX

O Cine Teatro Rex fica no andar térreo Edifício Rex, que agrega no subsolo o Teatro Rival inaugurado meses após o cine teatro. A combinação entre cinema, teatro e prédio foi uma estratégia do idealizador do projeto, Vivaldi Leite Ribeiro, influenciado por Serrador que também investira em prédios de uso misto, buscando investimentos paralelos aos estabelecimentos de lazer. A época de sua inauguração reunia imponência e estilo na sua sala de projeção Assim como os cinemas anteriormente citados, a bilheteria e a porta de entrada do Cine Teatro Rex estão à margem da Rua Álvaro Alvim, sendo, portanto, de fácil acesso a todos. Em 1937, o cinema tinha 1.900 lugares e, em 1969, 1.607 poltronas.

Com o fechamento do Cine Odeon, em junho de 2014, o Cine Teatro Rex tornou-se o único cinema em atividade na Cinelândia. Dedica-se à exibição de filmes pornográficos. 

CINE VITÓRIA

Localizado no Edifício Rivoli, o Cine Vitória possui um projeto de autoria não-identificada, datado de 1939. Aberto em 1942, o Cine Vitória compunha a paisagem das adjacências da Praça Floriano e, da mesma forma que a maioria dos cinemas da área, ele foi construído sob um prédio de doze andares que poderia ser ocupado por atividades comerciais e/ou residencial. O Cine Vitória, em 1946, oferecia 1.269 lugares e, em 1969, 1.124 poltronas.

O cinema pertencia ao Grupo Severiano Ribeiro e foi inaugurado em 1942, com o filme "O Grande Ditador", de Charles Chaplin. Outro momento de glória ocorreu na pré-estreia de "Doutor Jivago", em 1966. O Vitória funcionava no andar térreo do Edifício Rivoli, exemplar do estilo art déco. Em seus últimos anos exibia filmes pornôs, até fechar as portas definitivamente em 1993. Abandonado, serviu como dormitório de moradores de rua e estacionamento. Em 2012, após grande reforma, foi inaugurada ali a Livraria Cultura. A restauração preservou elementos originais do cinema, como o piso preto e branco, o balcão, as bilheterias, a fachada e os revestimentos de mármore e granito, além deste belo painel em bronze. Atualmente encontra-se fechado após o encerramento das atividades da livraria.

CINE PATHÉ

Foi o primeiro cinema Art Déco do Rio de Janeiro, então capital do país, construído entre 1927 e 1928. Localizado no centro da cidade, em plena Praça Floriano, n. 45, foi projetado pelo arquiteto Ricardo Wriedt e construído pela Casa Marc Ferrez, junto ao Edifício Natal, na Rua Álvaro Alvim, n. 48. Segundo Gonzaga apud Costa (2011), era o menor cinema da Cinelândia carioca, possuindo 918 lugares até 1937. Seu proprietário original era a empresa que o construiu, a Seabra & Ferrez. Atualmente, o Cine Pathé deu lugar a uma igreja evangélica.

CINE ODEON

O Cine Odeon existe desde o início do século XX. De 1909 até 1918, com pausas entre 1914 e 1916, um dos maiores músicos brasileiros de todos os tempos já confirmava a vocação desse Cinema para a grandeza. O célebre pianista Ernesto Nazareth, no período citado, tocava na sala de espera do Odeon.

O Odeon estava localizado nos primeiros andares de um prédio de onze andares com uso misto. À data de sua inauguração possuía 1344 lugares, dos quais 1143 de plateia e 30 camarotes que comportavam umas 200 pessoas no total.

No final dos anos 1990, em 1999, o Cine Odeon (que passou um período sem funcionar) foi reaberto pelo Grupo Estação, com o patrocínio da Petrobras. Em junho de 2014 o cinema foi fechado outra vez. Motivo: as dívidas (cerca de 30 milhões de reais) e a falta de manutenção no edifício. Contudo, menos de um ano depois, em maio de 2015, foi reaberto. Após a reformulação promovida pelo Grupo Severiano Ribeiro se tornou o Odeon Centro Cultural Severiano Ribeiro. Além de filmes, passou a oferecer mostras, exposições, eventos musicais, cursos, espetáculos, palestras e eventos diversos ligados à cultura. 

Previous Next

Dizem por aí

Previous Next
?

! RIO BRANCO, LADO ÍMPAR

As primeiras salas de cinema se instalaram no lado ímpar da Av. Central (Rio Branco), pois os alugueis eram mais baratos em relação ao lado par. Com o sucesso e investimentos no cinema, elas se mudaram para o outro lado – que não batia sol. Pathe, Odeon, entre outros, possuem “datas de inauguração” divergentes exatamente por este motivo, iniciaram como pequenas salas de projeção.

! OS LANTERNINHAS

O cinema não era considerado um ambiente familiar devido as salas escuras. Houve tentativas de promover as projeções com as luzes acesas. Dois fatores eram considerados, a figura do ”Bolina”, referente ao assédio que as jovens e senhoras sofreriam devido ao ambiente escuro como facilitador destas práticas. E também, os “Amigos do alheio”, referente aos possíveis furtos. Nesse contexto surgem as “Lanterninhas”, como vigias da moral e questões de segurança.

Previous Next

Dicas Culturais | Cinemas de Rua do Rio

Previous Next

ESTAÇÃO NET RIO

Antigo Cine Star, o atual Estação NET Rio é um dos cinemas no Rio de Janeiro onde é possível encontrar uma programação especial de filmes de todo o mundo - principalmente os campeões em festivais independentes e renomados. Em 2021, em meio a uma dívida de aluguel milionária por parte do Grupo Severiano Ribeiro, dono do imóvel, o cinema foi ameaçado de ser fechado. Após pressão dos clientes, principalmente na internet, a Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou seu tombamento devido à sua importância para a identidade da cidade e também por ser um dos grandes exemplares do Art Déco no Rio, estilo marcante quando o assunto é cinema. A dica cultural do roteiro é conhecer o cinema e celebrar sua permanência para os cariocas!

Previous Next

Posts relacionados

  • A geração prafrentex e o mar do Capitão Ipanema blog, 16/09/2020

  • Público interessado no Rolé por Madureira surpreende pesquisadora Por Rolé Carioca, 12/12/2019

  • Morador especialista em Madureira conta histórias do bairro Por Rolé Carioca, 10/12/2019

  • Serrinha, território da vivência ancestral do jongo Depoimento de Dyonne Boy, 23/11/2019

BANNER FOOTER LOGOS