Em mais um #RoléNaRede em 2021, passeamos pela história do Rio de Janeiro através de sua arquitetura. A nossa cidade, eleita em 2020 a Capital Mundial da Arquitetura, foi capital também durante a colônia, durante o império e por boa parte da República, tornando impossível não analisar as construções que desenham o espaço público. Junto aos nossos queridos professores, William Martins e Roberta Baltar, descobrimos mais sobre quatro estilos arquitetônicos encontrados por aqui: Colônia/Império, Ecletismo, Art Déco e Modernismo. Neste roteiro, você confere mais sobre seus principais exemplares na cidade!
O Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro foi fundado em 1590 por dois monges vindos do Mosteiro da Bahia em 1589, vinte e quatro anos depois de fundada a cidade. Foi a segunda Ordem religiosa a estabelecer casa no Rio de Janeiro, sendo os beneditinos antecedidos apenas pelos jesuítas. Em 1596 já estava o Mosteiro consolidado, em local apropriado, onde ainda se encontra, sendo nessa ocasião erigido em Abadia. Tem como padroeira Nossa Senhora do Monserrate e integra a Congregação Beneditina do Brasil, que compreende hoje sete mosteiros masculinos e dezesseis femininos.
O edifício foi tombado em 1938 pelo então recém-criado Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - SPHAN, sendo uma das primeiras construções a fazerem parte da política de proteção do patrimônio cultural brasileiro. O seu restauro, em 1985, foi um presente para o Rio de Janeiro, que teve de volta o mais representativo dos edifícios civis coloniais, construído em 1743, em frente ao antigo porto de chegada à cidade, hoje Praça Quinze de Novembro, na então chamada Rua Direita, hoje Rua Primeiro de Março.
O Paço Imperial tornou-se um centro cultural vinculado ao Iphan e recebeu tratamento multidisciplinar buscando a reabilitação das marcas do passado. Fragmentos e vestígios das construções foram surgindo, revelando as intervenções sofridas no interior do prédio. Alguns acréscimos foram eliminados, deixando a fachada mais aproximada à do tempo de Dom João VI. Pela sua importância histórica e estética, o edifício é o que melhor documenta aspectos da arquitetura portuguesa e brasileira anteriores à Missão Artística Francesa, de 1816.
A Biblioteca Nacional é a instituição brasileira que detém o patrimônio bibliográfico e documental do Brasil, considerada pela UNESCO uma das dez maiores bibliotecas nacionais do mundo e a maior da América Latina. Seu principal objetivo é preservar, atualizar e divulgar uma coleção com mais de nove milhões de peças, que teve início com a chegada da Real Biblioteca de Portugal ao Brasil e cresce constantemente, a partir de doações, aquisições e com o depósito legal.
A ideia de um teatro nacional com uma companhia artística estatal já existia desde meados do século XIX e teve no ator e empresário João Caetano (1808-1863), entusiasta do teatro brasileiro, um de seus principais apoiadores. O projeto, no entanto, só começou a ganhar consistência no final daquele século, com o empenho do dramaturgo Arthur Azevedo (1855-1908). A luta incansável de Azevedo foi travada nas páginas dos jornais e acabou por trazer resultados. Lamentavelmente, ele não viveu o suficiente para ver seu sonho concretizado, morrendo nove meses antes da data da inauguração do teatro, em 14 de julho de 1909.
A Central do Brasil é marcada por momentos de transição na história política brasileira, da proclamação da República em 1889 ao comício de João Goulart às vésperas do golpe de 1964. Geograficamente, seu entorno cresceu e foi modificado conforme as demandas de expansão do Rio de Janeiro. Ainda no século XVIII, houve a abertura da primeira grande via da cidade, então batizada de Rua Larga em 1763. Para facilitar o comércio com o Porto, essa via interligou o Cais do Valongo e o Campo de Santana. Depois, um caminho aberto entre pântanos e alagadiços estabeleceu a Cidade Nova e uma conexão entre centro e São Cristóvão, fundamental com chegada da família real em 1808.
No século XIX, a região se valoriza com a construção de grandes sobrados. Em uma ponta, onde hoje está o palácio Duque de Caxias, as tropas imperiais se estabeleceram. Na outra, o seminário de órfãos São Joaquim, mais tarde convertido em Colégio Pedro II. Em meio a modernização da cidade, a Igreja de Santana é demolida para a construção da via de trem e inaugura-se, em 1858, a estação D. Pedro I, hoje Central do Brasil. A área muda por completo com a abertura da Presidente Vargas, em 1944, e a construção de muitas pistas de rolagem para interligar a cidade no auge do automóvel. Com seu entorno esquecido, passa por uma degradação, em que o abandono e o medo tomam conta da região. Esse espaço, muitas vezes visto só de passagem, merece ser retomado.
O Edifício A Noite foi erguido na década de 1920 no Centro do Rio de Janeiro, representa um marco na história da arquitetura brasileira. O prédio foi o primeiro arranha-céu da América Latina e lar da pioneira Rádio Nacional durante décadas. A rádio transmitia notícias, novelas e músicas pra todo Brasil, sendo por décadas líder de audiência. Além disso foi palco para as cantoras do rádio.
Projetado em 1932 por Arnaldo Gladosch e dono de uma das portas mais famosas da cidade, onde em um bruto frontão de cerâmica, conhecida como Majólica, de nuances vários de verde, uma índia ou sereia fita no seu topo os que entram e saem do edifício.
A decoração interna e o pórtico são assinados por Pedro Luiz Correia de Araújo, filho de nobres pernambucanos que acompanharam a família imperial quando esta foi banida para a Europa. Nasceu em Paris, frequentou grupos de vanguarda, conviveu com Picasso, Léger e Matisse. Tem características modernistas pelo abuso em traços geométricos. Na fachada, elementos cerâmicos cilíndricos na cor verde, lembram bambus. A porta de entrada tem motivos de algas na parte superior e tartarugas na parte inferior. Uma índia-sereia parece sustentar o edifício. Os bancos internos são forrados com mármore negro belga e o piso, de cerâmica vitrificada, reproduz o mar e cavalos-marinhos.
Edifício Itaoca (casa de pedra em tupi), de 1928, foi projetado por Robert R. Prentice e Anton Floderer, sendo o segundo um dos criadores do prédio da Central do Brasil.
O Itaoca é um dos melhores representantes de uma geração de edifícios em Copacabana, possui uma portaria muito interessante, com um bruto frontão de majólica (um tipo de cerâmica), como alguns de sua época possui uma particularidade, o seu último andar se destina a quartos de empregadas e depósitos, que não ficavam dentro dos apartamentos.
Na entrada encontramos o muiraquitã, um talismã amazonense, que se repete ao longo da fachada, em mais um exemplo da utilização de elementos oriundos de diversos povos indígenas brasileiros pelo art déco.
Em sua portaria, o pórtico de entrada, forma um belo conjunto com o gradil de motivos marajoaras (relativo à Ilha de Marajó, no Pará). Sobre ele paira uma grande marquise, o que na época foi considerado uma ousadia estrutural.
O Palácio Capanema é um dos primeiros exemplares da arquitetura moderna no Brasil. Ele foi construído entre 1937 e 1945. O projeto, inspirado por Le Corbuisier, era liderado por Lúcio Costa e contava com uma equipe de jovens arquitetos integrada por Oscar Niemeyer, Carlos Leão, Jorge Moreira, Affonso Eduardo Reidy e Ernani Vasconcellos. Funcionou como sede do Ministério de Educação e Cultura.
Localizado em Barra de Guaratiba, o Sítio Burle Marx tem uma área de mais de 400 mil m², onde está reunida uma das mais importantes coleções de plantas tropicais e semitropicais do mundo. Cultivada em viveiros e jardins, ao ar livre, a coleção apresenta mais de 3.500 espécies de plantas, entre as quais exemplares únicos. Roberto iniciou a coleção ainda menino, aos seis anos de idade.
O Sítio Roberto Burle Marx, com as coleções botânica-paisagística, artística, arquitetônica e biblioteconômica, é reconhecido como patrimônio cultural brasileiro desde 1985, data em que o arquiteto e paisagista Roberto Burle Marx doou a propriedade ao Iphan. O artista, falecido em 1994, não presenciou o tombamento integral do Sítio, em 2000. Mas, cumpriu-se a intenção de Burle Marx de preservar suas experiências, criar uma escola de paisagismo, botânica e artes em geral, e transmitir o seu principal legado: saber fazer jardins.
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) é uma das mais importantes instituições culturais do Brasil. Seu prédio, a obra mais conhecida do arquiteto carioca nascido em Paris Affonso Eduardo Reidy, é um marco na arquitetura moderna no mundo e segue a orientação da arquitetura racionalista, destacando-se pelo emprego de pilotis, grande vão livre e integração com a paisagem e os jardins do entorno, que são obra do paisagista Roberto Burle Marx.
O Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, conhecido como Pedregulho, foi projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy a partir de 1946, para abrigar funcionários públicos da cidade, então Distrito Federal. O conjunto levou seis anos para ser concluído, em 1952. Localizado no morro do Pedregulho, no bairro de Benfica, Rio de Janeiro, o Pedregulho representa a arquitetura social de Reidy, assim como a Unidade Residencial da Gávea (1952) e o Teatro Armando Gonzaga (1950), em Marechal Hermes.
Considerada a grande capital do Art Déco da América Latina, o Rio de Janeiro conta com um acervo de quase 300 construções do estilo e a maior estátua Art Déco do mundo, o Cristo Redentor. Esse movimento do design nasceu na primeira parte do século XX e abrange todos os domínios da criação humana: arquitetura, decoração, moda, arte, desenho industrial, cinema, artes gráficas, publicidade, mobiliário. Na nossa cidade, muito do estilo aparece nos cinemas antigos do Rio, quase todos pertencentes ao movimento.
Por conta das fontes de água existentes na parte mais alta de seu terreno, canalizadas e servidas à população local por meio de uma bica próxima à estrada, o Sítio Roberto Burle Marx chamava-se, inicialmente, Fazenda ou Engenho da Bica. A partir de 1681, com a construção da capela dedicada a Santo Antônio, passou a ser conhecido como Engenho Santo Antônio da Bica e, posteriormente, Sítio Santo Antônio da Bica.
Deixado um tanto de lado pelos cariocas por conta da distância da região central, o Sítio Burle Marx ainda é uma das dicas culturais mais incríveis da cidade. Localizado em Barra de Guaratiba, o Sítio Burle Marx tem uma área de mais de 400 mil m² com viveiros e jardins ao ar livre, abrigando uma coleção de mais de 3.500 espécies de plantas, entre as quais exemplares únicos. É simplesmente imperdível, um programa para toda a família!