Espaço de acontecimentos históricos e também de convivência dos excluídos da sociedade, nos extintos jardins abaixo da estátua de D. Pedro I aconteciam encontros clandestinos de homens com finalidades sexuais e românticas que ficaram marcados nos registros policiais. Os encontros anônimos em espaços públicos constituíam um dos únicos meios de conhecer parceiros em potencial.
Foto: Thiago Diniz
No Teatro João Caetano, a casa de espetáculos mais antiga do Rio de Janeiro, aconteceram diversos eventos voltados para as comunidades LGBTQIAP+, como, por exemplo, o Baile dos Enxutos, evento carnavalesco para o público gay e travesti criado na década de 1940 com performances que desafiavam as noções de masculinidade e feminilidade.
Local onde funcionou o Hotel São José, ponto de encontro em eventos noturnos como a Gayfieira. Em 1931 houve um incêndio e a partir dos escombros preservados foi criada a Casa de Caboclo, com espetáculos muito frequentados pelas classes populares. Nela, se apresentou pela primeira vez Madame Satã, interpretando a Mulata do Balacochê no espetáculo Loucos em Copacabana.
Exibiu diversos filmes mudos acompanhados por orquestras, mas na década de 1970, para continuar a operar, passou a investir principalmente em pornochanchadas, veiculando arte erótica. Assim, o público que o frequenta tornou-se em maioria de homens gays. Também foram inseridos shows de strip-tease na programação que contava com a participação de mulheres transexuais e travestis.
O Grupo Arco Íris é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, cuja missão é promover qualidade de vida, direitos humanos e cidadania ao público LGBT. Foi criado em 1993, a partir do sonho de um grupo de amigos em resposta a epidemia de AIDS e a discriminação contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.
Fundado em 1961, é considerado o mais antigo grupo social transviado do Brasil em atividade. Entre os anos de 1969 e 1975, o clube permaneceu fechado por causa das ameaças de violências repressivas do período da ditadura militar. Hoje a casa promove reuniões entre os sócios, recebe convidados e apoiadores para almoços, noites de bingo e espetáculos de variedades, onde os shows de gogoboys e transformistas novatas e veteranas são a grande atração.
Antiga sede do Departamento de Ordem Política e Social, o prédio funcionou como centro de detenção política e tortura durante a ditadura civil-militar. Neste período, pessoas LGBT eram humilhadas e torturadas em interrogatórios, publicações, espetáculos travestis e transformistas eram perseguidos e censurados, com o argumento de preservação da moral e dos bons costumes.
Casa onde viveu a famosa travesti Luana Muniz, registrada no programa Profissão Repórter com a frase “travesti não é bagunça”. Luana, que morreu em 2017, aos 56 anos, devido a uma pneumonia. Saiu de casa na adolescência para se prostituir, modificou seu corpo ao longo da década de 1970, durante a ditadura, e trabalhou em diversos países da Europa. Na volta ao Brasil, Luana montou o casarão, onde alugava quartos para travestis, e se colocou como referência no sentido de cuidar do comportamento, da prevenção de doenças e dos direitos dessa comunidade.
Bar/boate fundado no mesmo local onde funcionava a boate Sinônimo, também point LGBT. A proprietária, Jacke, é uma travesti que promove festas e shows e se preocupa em empregar travestis.
Aberto em 1937, com o nome Viena Budapeste, o espaço renomeado Cabaret Casanova era considerado um dos espaços mais antigos da Lapa. Acredita-se que lá Noel Rosa teria composto a música “A Dama do Cabaré”, depois de levar um fora de uma amante. Situada na Avenida Mem de Sá, a casa foi referência na noite LGBTQIA+ do Rio Neste espaço se formou o grupo Dzi Croquettes e que Madame Satã fez suas últimas incursões pela Lapa boêmia.
A vereadora Marielle Franco mobilizou uma agenda de lutas coletivas com o projeto de lei do “Dia da Visibilidade Lésbica” para a data 29 de agosto no calendário oficial do município do Rio de Janeiro, rejeitado em 2017, o que levou a uma ocupação nas escadarias, o Ocupa Sapatão, para fortalecer o debate sobre os direitos das pessoas LBTs. A pauta foi continuada até a aprovação em 2022 do Dia Municipal da Visibilidade Lésbica.
Inaugurado em 1934, tornou-se uma tradicional sala de exibição de filmes pornográficos e de pegação entre homens.
O espaço foi inaugurado no dia 22 de março de 1934 e passou a ser do avô de Leandra Leal, Américo Leal, em 1970. Por lá, já passaram apresentações de teatro de revista, teatro rebolado e também espetáculos icônicos com as travestis Rogéria, Marquesa, Brigitte de Búzios, Jane Di Castro, Divina Valéria, Eloína dos Leopardos, Camille K e Fujika de Halliday.
João do Rio foi um revolucionário jornalista do início do século XX que reportou o cotidiano marginalizado da cidade e das periferias urbanas, sofreu discriminações por ser negro e homossexual e se tornou membro da Academia Brasileira de Letras em 1910. Entre suas diversas narrativas, registrou também os encontros noturnos entre homens em jardins.
Um dos maiores marcos paisagísticos do Rio de Janeiro, o Aterro do Flamengo foi idealizado pela arquiteta autodidata e lésbica Lota de Macedo Soares que coordenou a equipe do projeto. O filme nacional Flores Raras conta a história do romance entre Lota e a poetisa estadunidense Elizabeth Bishop.
Sediado na Rua Joaquim Silva, n° 11, O Lampião da Esquina foi um jornal brasileiro com temática homossexual que circulou durante os anos de 1978 e 1981. Nasceu dentro do contexto de imprensa alternativa na época da abertura política no final dos anos 1970, durante o abrandamento de anos de censura promovida pela ditadura militar brasileira.
Conhecido como o dialeto LGBTQIAP+, o “Pajubá” funciona como um instrumento linguístico-cultural que desafia normas de gênero e sexualidade e tem origem na fusão de termos da língua portuguesa com termos extraídos dos grupos étnico-linguísticos nagô e iorubá que chegaram ao Brasil com os africanos escravizados. Muitas das palavras foram preservadas nos terreiros das religiões de matriz africana que sempre foram espaços de acolhimento para minorias.
A primeira Parada do Orgulho LGBTQIAP+ no Brasil foi realizada em Copacabana em 1995, ao final da 17ª Conferência Internacional LGBT (ILGA), primeiro evento do gênero no país, atingindo cerca de três mil pessoas. Ao longo do tempo, a Parada se transformou no terceiro maior evento da cidade do Rio de Janeiro, atrás do Réveillon e Carnaval.
O documentário Indianara acompanha Indianara Alves Siqueira, ativista responsável pela fundação da Casa Nem, abrigo do Rio de Janeiro voltado para pessoas LGBTQIAPNB+ em situação de vulnerabilidade.
A Revista Brejeiras é um movimento cooperativo e uma publicação independente feita por e para lésbicas, com compromisso feminista e antirracista.
O livro “Tybyra: uma tragédia indígena brasileira” narra a história real de um indígena Tupinambá que foi assassinado na boca de um canhão, tendo sido acusado de sodomia, por não corresponder aos padrões de gênero e sexualidade ditados pelos dogmas dos colonizadores europeus.