Embora vizinho ao centro histórico do Rio, o bairro de Santa Teresa foi ocupado de forma distinta à da cidade, abrigando até meados do século XVIII quilombolas e centros de rituais africanos em meio à sua densa vegetação. Sua denominação tem origem no Convento de Santa Teresa, construído em 1750 em terreno doado às freiras carmelitas descalças, onde antes existia uma ermida para Nossa Senhora do Desterro – por isso, já foi chamado de Morro do Desterro. Por volta de 1850, fundamentalmente devido às diversas doenças que assolavam a cidade, a região passou a ser procurada como refúgio. Próximo à Baía de Guanabara, o local garantia ares frescos, com acessos estratégicos tanto pelo Centro quanto pelas Zonas Norte e Sul (via Lapa, Glória, Laranjeiras, Cosme Velho, Catumbi ou Rio Comprido).
A ocupação iniciada nessa época trouxe ao local casarões, sobrados e castelinhos que compõe um conjunto arquitetônico singular, preservado junto ao calçamento em paralelepípedos e às lamparinas de iluminação centenárias. Foi também no século XIX que começaram a circular os bondes, inicialmente puxados por muares e depois substituídos pelo bonde elétrico. Essa estrutura urbanística foi mantida até os dias atuais, junto a uma vocação artística e boêmia, em botecos no melhor estilo “como antigamente” ao redor de Largos com o das Neves, que parece parado no tempo, ponto de partida do nosso 2º Rolé Carioca por Santa Teresa.
Imagem: Augusto Malta/BN Digital
O ponto final da antiga linha do bonde é uma praça rodeada de antigos casarões e sobrados dos anos 30. Foi aberto em 1852 pelo comendador Francisco Ferreira das Neves, dono da chácara que existia no local e também responsável pela construção da capelinha em homenagem a N. Sra. das Neves. No Carnaval, é passagem do Bloco Céu da Terra e mantém, ao longo do ano, uma programação cultural diversificada.
Imagem: Panoramio
O templo em estilo neogótico teve sua construção iniciada em 1854 pelo proprietário da chácara, Francisco Ferreira das Neves, ocupando o local onde antes existia um oratório de 1814, em devoção à Nossa Senhora das Neves, também conhecida como Santa Maria Maior.
Imagem: Panoramio
Unidade de saúde pública inserida em uma rede de atenção saúde, o Centro Municipal de Saúde Ernani Agrícola foi inaugurado em 1943 como um posto de Puericultura, função dada na época aos centros de saúde da cidade. Com o passar dos anos, o atendimento passou a se organizar sob a forma de programas, não atendendo necessariamente ao perfil epidemiológico de cada região administrativa.
Imagem: Facebook CMS Ernani Agrícola
Igreja da Diocese Anglicana do Rio de Janeiro, surgiu em 1920, da Missão Episcopal. O templo atual teve a construção iniciada em 1924 e foi elevado à condição de catedral em 1985. Em 2010, apesar da Sé ter sido transferida para a Igreja do Redentor, na Tijuca, manteve o título de Antiga Sé Anglicana do Rio, sendo também um espaço cultural em Santa Teresa, aberto à realização de eventos da comunidade.
Imagem: Brian J. McMorrow
Aberto em 2003, o cinema ocupou, inicialmente por dois anos a Igreja Anglicana do bairro, até se estabelecer em uma das salas do prédio da Região Administrativa do bairro. É um dos raros exemplares de cinema de rua em funcionamento na cidade e mantém-se graças a parcerias entre educadores e produtores culturais, modelo que expandiu para as salas do Museu da República (Catete) e o Cine Cândido Mendes (Ipanema).
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Na confluência das ruas Almirante Alexandrino e Paschoal Carlos Magno, essa área de convivência recebeu esse nome em homenagem a Joaquim Fonseca Guimarães, antigo proprietário de uma chácara cuja casa se tornou o Hotel Santa Teresa. Nos seus arredores, há inúmeros bares, cafés, restaurantes, além de brechós e lojas de artesanato, o que o tornou o point do bairro. Dali também se acessa as ruas Fonseca Guimarães, Triunfo e Filadélfia, um micro exemplar da arquitetura pitoresca do bairro.
Imagem: Tânia Rego/Agência Brasil
A utilização dos bondes como meio de transporte em Santa Teresa teve origem num plano inclinado instalado em 1877, que ligava a Rua Matacavalos, (antigo nome da Rua do Riachuelo) ao Largo dos Guimarães, no alto do bairro. Ao chegar ao Largo, os passageiros tomavam um bonde a tração animal que circulava pela região habitada do bairro. O sistema funcionava a vapor e foi substituído, a partir de 1898, por bondes elétricos que começaram a trafegar sobre os Arcos da Lapa e até hoje fazem parte do cotidiano do bairro. Como o ditado “tudo na vida é passageiro, menos o condutor e o motorneiro”.
O designer, compositor e filósofo Rogério Duarte (1939 – 2016) chegou ao Rio de Janeiro anos antes de Caetano Veloso, Maria Bethânia e demais baianos e residiu em Santa Teresa ao menos em duas ocasiões. A primeira na década de 60, um pouco antes de estar à frente do Tropicalismo, integrando as performances de Hélio Oiticica e concebendo os famosos cartazes dos filmes de Glauber Rocha e os projetos gráficos dos primeiros discos de Gil e Caetano. Anos depois da ruptura causada por sua prisão e tortura por militares, Duarte viveu, entre 1973 e 1974, num retiro espiritual na Sociedade Budista do Brasil (na R. Alice), onde se converteu a uma vida reclusa de estudos religiosos que lhe abriria as portas para outro movimento: o Hare Krishna.
A Igreja Ortodoxa Russa Santa Mártir Zenáide, em Santa Teresa, é um pequeno tesouro da comunidade russa que se refugiou no Brasil após a Revolução de 1917. Vindos em levas, primeiro da Europa na década de 20 e, depois, no pós-guerra, da China e países ocupados pela União Soviética, esses refugiados russos não podia voltar para a sua pátria, pois eram considerados dissidentes pelo governo revolucionário na época. Edificado em 1937, o templo ortodoxo marcou um período de florescimento da vida religiosa desses imigrantes, que buscaram preservar de alguma maneira as tradições religiosas e a cultura dos seus antepassados.
Ambientado em Santa Teresa em meados de 1800, é o último livro da fase romântica de Machado de Assis, de 1878. No livro, Jorge e Estela amam-se, mas vários empecilhos contrariam esse amor, de que mesmo os dois tentam se resguardar. O romance contraria a mãe do rapaz, Dona Valéria, que acaba convencendo o filho a ir para a Guerra do Paraguai a fim de acabar com o relacionamento. Na ausência dele, a rica Valéria dá um dote a Estela e arranja-lhe um marido, o viúvo Luís Garcia, de gênio pacato e caseiro, que vive só para cuidar da filha: Iaiá Garcia.
Relíquia do bairro que sobreviveu como meio de transporte até o século XXI. Dá para embarcar tanto no Largo dos Guimarães quanto no Curvelo e atravessar o bairro em direção ao Largo da Carioca, no centro da cidade, passando pelos Arcos da Lapa. A tarifa é de R$ 20. Moradores do bairro (previamente cadastrados), estudantes da rede pública, pessoas acima de 65 anos e portadores do Vale Social têm gratuidade garantida.
Funcionamento: de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h45, e aos sábados das 10h às 18h. Não opera aos domingos e feriados.
Imagem: Tânia Rego/Agência Brasil
Loja de moda afro, tem como referência o Baobá, árvore africana milenar que representa a sabedoria ancestral. As peças de roupa e acessórios são criadas a partir de capulanas, um tecido multifuncional, estampado com padrões africanos e que vem sendo tradicionalmente usado há muitas gerações como forma de expressão por mulheres em diversos países daquele continente.
Rua Paschoal Carlos Magno, 92
Funcionamento: segunda a domingo, das 11h às 20h
www.baobabrasil.iluria.com
Imagem: Facebook Baobá Brasil
Mais conhecido como Bar do Gomes, está localizado há quase 100 anos em Santa Teresa e já funcionou como um armazém. Ainda guarda mobílias do início do século passado e serve tira-gostos como croquete de carne, empada, bolinho de bacalhau e porções de frios, tremoços e azeitonas, além de cervejas e cachaças.
Rua Áurea, 26
Tel: (21) 2232-0822
Funcionamento: Seg. a sab., das 11h às 00h; Dom., de 12h às 22h
Imagem: Facebook Armazém São Thiago