O Museu Aeroespacial (MUSAL) completou em 2019 46 anos de sua criação. É uma organização do Comando da Aeronáutica (COMAER), subordinada ao Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, com sede no Rio de Janeiro, e se encontra atualmente no processo de revitalização e obras para melhorias de suas instalações e modernização de seu acervo e circuito museológico.

A finalidade do museu sempre foi preservar a memória da Aeronáutica Brasileira por intermédio de seu acervo. Para tanto, atuamos na pesquisa, classificação, registro, restauração e exposição do acervo histórico-cultural da Aeronáutica. Também publicamos e atualizamos o catálogo do acervo do Musal, bem como editamos publicações congêneres do interesse da museologia Aeronáutica. O Museu é uma referência para pesquisadores e entusiastas da Aviação. Atendemos pedidos de pesquisadores, muitos deles relacionados às imagens do 1º Grupo de Aviação de Caça e à documentação da Aviação Militar Brasileira. 

Parte das competências do museu é a divulgação de atividades e promoção de exposições, seminários, demonstrações e concursos relacionados com a história e a cultura aeronáutica. Em 2019, já promovemos a Semana Nacional de Museus (em maio) e a Comemoração do Aniversário de Alberto Santos Dumont (em julho). Em setembro, será a vez da Primavera dos Museus e, em outubro, o Musal AirShow acontece em Comemoração do Dia do Aviador.

Uma visita ao Musal deve incluir a sala dedicada a Alberto Santos-Dumont, que contribuiu para a invenção do avião. A réplica do 14-Bis, “o mais pesado que o ar”, se encontra nas dependências do museu. Também destacaria o papel de Anésia Pinheiro Machado, considerada a primeira aviadora brasileira, do 1º ministro da Aeronáutica, Pedro Salgado Filho, e o Marechal Ar Eduardo Gomes, que foi Ministro da Aeronáutica (1954/1955 e 1965/1967) e trabalhou na Criação do Correio Aéreo Militar.

Entre os momentos emblemáticos da história da instituição, cito a criação da Escola de Aviação Militar no Campo dos Afonsos (1919), a criação do Ministério da Aeronáutica (1941) e a inauguração do Museu Aeroespacial em 1976, no antigo prédio da Escola de Aeronáutica (Campo dos Afonsos). Também recebemos a presença de comitivas brasileiras e estrangeiras, além dos presidentes José Sarney e Fernado Collor de Mello, entre outras autoridades e ministros.

Ivan Soares foi um dos primeiros guias do Museu Aeroespacial (MUSAL). Chegou à instituição no dia 1º de abril de 1976, cinco meses antes de sua inauguração, e já atuou em setores como Biblioteca, Arquivo, Protocolo e Museologia. Em 2001, foi designado para ser o Chefe da Divisão Promocional, hoje Comunicação Social, e atualmente é o Relações Públicas do Museu.

Os próximos roteiros do Rolé Carioca, pelo Museu Aeroespacial e em Petrópolis, se cruzam em uma personalidade brasileira reconhecida por sua inventividade: o pioneiro da aviação Alberto Santos-Dumont (1873-1932). Se no Campo dos Afonsos veremos uma réplica do 14-Bis e o coração preservado do aviador, uma das atrações da cidade serrana é a casa museu onde residiu em Petrópolis, curiosa por uma série de soluções criativas feitas sob medida pelo visionário.

Mais de 3 dezenas de biografias já foram lançadas sobre o brasileiro, que nasceu na fazenda Cabangu, em Minas Gerais, e virou parisiense de adoção. Uma introdução às criações do inventor passa pelos livros que ele mesmo escreveu: "Os meus balões (Dans l’air)", lançado originalmente em 1904 e que versa sobre sua experiência aérea entre 1898 e 1903, e "O que eu vi, o que nós veremos", de 1918, com algumas menções à sua infância e juventude.

Entre os biógrafos brasileiros de Santos-Dumont, um especialista é o doutor em física e pesquisador do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas) Henrique Lins de Barros, que publicou as obras "Santos Dumont: o homem voa" (2000), "Santos- Dumont e a invenção do vôo" (2003) e "Desafio de voar: brasileiros e a conquista do ar" (2006). Barros defende que a contribuição de Santos-Dumont foi fundamental para estimular o desenvolvimento da aeronáutica, por ter dado a chave da decolagem e executado o voo do 14-Bis, em 1906, publicamente. Ainda que não tenha realizado o primeiro voo motorizado bem-sucedido - mérito dos americanos Orville e Wilbur Wright, em 1903 - o primeiro avião a ser produzido em série na história foi uma invenção de Dumont: o Demoiselle, de 1907, que teve seu projeto distribuído gratuitamente pelo brasileiro.

Já em "Alberto Santos Dumont: Novas Revelações" (2009), o jornalista Cosme Degenar Drumond apresenta uma faceta amorosa e esportista do aviador, que também foi esgrimista, piloto de corrida e juiz de tênis. Faz ainda relevações sobre os efeitos da doença que teria debilitado precocemente Santos-Dumont.

Outros aspectos da vida pessoal do aviador e de sua personalidade controversa estão no livro "Asas da Loucura - a Extraordinária Vida de Santos-Dumont" (2003), do americano Paul Hoffman, que foi editor da revista científica Discover. A partir de uma pesquisa abrangente, o autor apresenta a ideia que Santos-Dumont nunca patenteou suas invenções porque acreditava em uma espécie de espiritualidade aérea, que a experiência de voar podia mudar a vida das pessoas. Para o americano, o inventor teve uma vida pessoal solitária e conflituosa, possivelmente também por ser homossexual. No final, acreditava sinceramente que os aviões seriam um instrumento da paz e de aproximação de culturas, e cometeu o suicídio por não entender como sua invenção foi responsável por tamanha destruição como instrumento de guerra.

A repercussão da morte do aviador serviu de inspiração para o autor holandês Arthur Japin escrever "O Homem com Asas" (2016). O romance histórico policial se desenvolve a partir da imagem trágica e também poética de sua morte: o coração de Santos-Dumont foi retirado e embalsamado por um médico legista para analisar a causa mortis, e, até hoje, não descansa, separado de seu corpo.  

"Os meus balões (Dans l’air)" Alberto Santos-Dumont (1904)

"O que eu vi, o que nós veremos" Alberto Santos-Dumont (1918)

"Santos Dumont O Homem Voa!" Henrique Lins de Barros, 63 págs., Ed. Contraponto (2000)

"Santos- Dumont e a invenção do vôo"  Henrique Lins de Barros, 190 págs., Ed.Zahar (2003)

 "Desafio de voar: brasileiros e a conquista do ar"  Henrique Lins de Barros, 216 págs., Ed. Metalivros (2006)

"Alberto Santos Dumont: Novas Revelações" Cosme Degenar Drumond, 296 págs., Ed. Cultura (2009)

"Asas da Loucura - a Extraordinária Vida de Santos-Dumont" Paul Hoffman, 413 págs. Ed. Ponto de Leitura  (2003)

"O Homem Com Asas" Arthur Japin, 288 págs. Ed. Planeta (2016)